Funcionários da Santa Casa de Uruguaiana iniciam paralisação

Funcionários da Santa Casa de Uruguaiana iniciam paralisação

Trabalhadores cobram salários em atraso; direção alega que tabela do SUS não cobre custos

Fred Marcovici

Instituição, com 95% dos atendimentos pelo SUS, é referência regional

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Os funcionários da Santa Casa de Uruguaiana iniciaram paralisação na quinta-feira para cobrar férias vencidas, resíduos salariais de março e abril, além do valor integral de maio. Os trabalhadores param quatro horas a cada turno de seis, e os setores mais atingidos são o Pronto-Socorro, Bloco Cirúrgico e o quinto andar, que recebe os pacientes de convênios e particulares. O estabelecimento é referência regional em Oncologia, Cardiologia, Neurologia e Neurocirurgia.

O movimento no hospital, que tem 600 funcionários, atende ao mínimo de 30% das equipes em atividade. O presidente do SindiSaúde, Renato Corrêa, diz que a decisão é de manter a paralisação e as negociações visando a uma solução para quitar os compromissos com os trabalhadores, que, segundo ele, enfrentam dificuldades inclusive para alimentação.
Os médicos da Santa Casa não recebem os pagamentos há seis meses e avaliam a possibilidade de paralisar as atividades no fim de junho. Para a noite desta quinta-feira, estava marcada reunião entre os quatro profissionais da grade clínica. A previsão era avaliar se seria mantida ou não as internações pelo Sistema Único de Saúde.

Conforme a direção do hospital, a instituição atende 95% de sua capacidade de pacientes pelo SUS, sendo que a tabela do sistema para consultas e procedimentos está defasada e não cobre as despesas. Com os gastos muito acima da receita, o déficit mensal da Santa Casa chega a R$ 600 mil, que, somado à parcela de um empréstimo, chega a R$ 1 milhão. Os repasses do município e do Estado estão em dia.

A diretora executiva da instituição, Adélia Figueiredo, se diz solidária com a situação dos funcionários. Afirma que há necessidade de uma mobilização nacional pela saúde, que, segundo ela, enfrenta uma de suas piores crises, principalmente envolvendo os hospitais filantrópicos, caso da Santa Casa de Uruguaiana. 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895