Fundação Universitária de Cardiologia entra com pedido de recuperação judicial

Fundação Universitária de Cardiologia entra com pedido de recuperação judicial

Medida tem como objetivo manter as instituições de saúde em funcionamento e sem prejuízo para as comunidades que atendem

Correio do Povo

Instituto de Cardiologia de Porto Alegre atende emergência pelo SUS, por convênios e particular.

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A Fundação Universitária de Cardiologia (FUC) distribuiu, nesta segunda-feira, pedido de recuperação judicial junto à Vara Regional Empresarial da Comarca de Porto Alegre. A medida tem como objetivo manter a instituição e suas filiais abertas, garantindo, assim, a prestação de serviços médicos à sociedade.

A Fundação é responsável pelo Instituto de Cardiologia (Porto Alegre), e pelas seguintes filiais: Hospital de Alvorada, Hospital Padre Jeremias (Cachoeirinha), Instituto de Cardiologia Hospital Viamão, Hospital Regional de Santa Maria e Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal.

Essas instituições, juntas, foram responsáveis por mais de 2 milhões de atendimentos entre janeiro e outubro deste ano — incluindo atendimentos ambulatoriais, serviços de emergência, cirurgias, partos, entre outros. Desse montante, 85% dos pacientes foram atendidos via Sistema Único de Saúde (SUS), o que reforça a importância da Fundação para as comunidades onde atua.

“Temos, desde nossa fundação, nos anos 1960, o compromisso de prestar um atendimento de qualidade para a população gaúcha e brasileira. Por esta razão, entendemos que essa medida é a única que temos para garantir a manutenção dos nossos serviços sem prejuízos à sociedade”, argumenta Oswaldo Luis Balparda, Superintendente Executivo.

Com mais de 4 mil colaboradores — considerando Instituto de Cardiologia e filiais —, a FUC precisou fazer, na última sexta-feira, 280 desligamentos. Os funcionários desligados trabalhavam no Instituto de Cardiologia, em Porto Alegre.

“Nenhum gestor quer tomar uma decisão dessas, no entanto, para que a instituição siga com as portas abertas e com os atendimentos em dia, precisamos reduzir a folha de pagamento”, explica Balparda.

De acordo com comunicado do escritório que entrou com o processo, "o pedido de recuperação judicial refere-se a um passivo de R$ 233.741.655,19, acumulado ao longo dos últimos anos por razões estruturais e fatores externos, como a pandemia de Covid-19, desequilíbrio nas tabelas SUS e problemas no IPE Saúde".

Os hospitais seguem abertos e em pleno atendimento, sem qualquer prejuízo às cirurgias e consultas agendadas. Da mesma forma, os prontos atendimentos seguem funcionando.

“A recuperação judicial busca sensibilizar a população e o Judiciário para que compreendam que a Fundação não pode parar. Se isso acontecer, milhares de gaúchos que dependem dos seus serviços serão penalizados. A medida é o único caminho viável para que se tenha tempo de elaborar um plano de ação para conter os problemas financeiros da instituição”, destaca Silvio Luciano Santos, do escritório MSC Advogados, que está à frente do processo.


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