Furto literário abala o Café Mal Assombrado, em Porto Alegre

Furto literário abala o Café Mal Assombrado, em Porto Alegre

Os prejuízos vão além do monetário. Impactaram a rotina do local e a história do colecionador de livros

Paula Maia

Hernandez destacou que o episódio mexeu com o conceito do local. O incidente levou a reorganizar o acervo do café, realocando livros e retirando alguns exemplares, temendo que algo semelhante aconteça novamente

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André Hernandez, proprietário do café mal-assombrado, que está localizado em uma casa de 1.915, no centro de Porto Alegre, foi profundamente abalado pelo furto que aconteceu em seu estabelecimento. No dia 9 de agosto, um homem entrou e de forma muito ardilosa furtou alguns livros raros do café, causando um prejuízo estimado em R$ 1.000. No entanto, o impacto vai além do valor monetário, ele afetou a rotina do local e a história desse apaixonado colecionador de livros.

Hernandez destacou que o episódio mexeu com o conceito do café, que visa deixar os livros disponíveis para leitura de todos e que o ocorrido também afeta a autoestima da cidade. O incidente levou a reorganizar o acervo do café, realocando livros e retirando alguns exemplares, temendo que algo semelhante aconteça novamente.

O proprietário faz questão de ressaltar que o café mal-assombrado, conhecido por explorar as lendas da cidade, é um espaço lúdico aberto a todos que queiram ir conhecer ou tomar um café lendo uma das quase duas mil obras. A invasão que ocorreu o afetou profundamente, marcando-o de maneira significativa. “Meu sentimento é de ser invadido, de ser feito de bobo. Isso mexe com o conceito do café que é de deixar os livros disponíveis pra leitura, para todas as pessoas”, afirmou ressaltando que o episódio também “mexe com a autoestima da cidade”.

O furto também gerou discussões entre frequentadores do café e outros livreiros. Em grupos de conversas, outros donos de livrarias confirmaram a presença do mesmo suspeito em seus estabelecimentos, observando sua abordagem rápida e conhecimento dos valores das obras. Os moradores do entorno, frequentadores e empresários do centro acreditam que o suspeito seja um morador do bairro.

Hernandez mantém a esperança de que o ladrão seja capturado e suas obras recuperadas: "Espero que a gente tenha um desfecho feliz, para que possamos ter a sensação de que estamos seguros e que esse tipo de prática não vale a pena na cidade de Porto Alegre". A Polícia Civil está investigando o caso. 


Correio do Povo
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