Futuro do Hospital de Canguçu preocupa funcionários e gestores

Futuro do Hospital de Canguçu preocupa funcionários e gestores

Instituição tem dívidas de R$ 25 milhões e precisa definir a nova diretoria

Angélica Silveira

Profissionais fazem vigília em frente ao hospital

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Em greve desde 26 de abril, os técnicos em Enfermagem do Hospital de Caridade de Canguçu (HCC) seguem se revezando em vigília em frente à instituição. Eles cobram 15% do salário de março e os vencimentos de abril, além do 13º de 2016 e 2017. "Há funcionários que estão há três anos sem férias", relata a técnica de Enfermagem Luciara Luna Lira. Ela diz que, além dos salários, a indefinição quanto ao futuro da instituição preocupa os 182 funcionários do HCC. Destes, 62 são técnicos em Enfermagem.

Na última semana e pelos mesmos motivos, enfermeiros também entraram em greve, mas o hospital não parou, uma vez que 30% de cada categoria segue trabalhando. Nesta quinta-feira, 30 dos 100 leitos da instituição de saúde estavam ocupados. "Além das questões salariais, queremos melhores condições no ambiente de trabalho. Muitos colegas doentes se afastaram por depressão", lamenta Luciara.

Segundo o gestor administrativo do HCC, Mário Luiz Ribeiro da Fonseca, as dívidas do hospital chegam a R$ 25 milhões. Ele reconheceu o atraso nos pagamentos dos funcionários, fornecedores, bancos e acordos trabalhistas. "Não faltam medicamentos nem o HCC deve fechar.” Fonseca destacou que o governo do Estado assinou novo contrato recentemente com o hospital e que deve R$ 500 mil relativos a incentivos estaduais e federais dos meses de março e abril e à produção do mês passado. A Secretaria Estadual de Saúde confirmou a dívida relativa a março, mas não especificou o valor.

Assembleia
Em assembleia realizada na noite de ontem, nenhum sócio do hospital se candidatou a assumir a presidência da instituição. O gestor administrativo relatou que até terça-feira deve ocorrer uma conversa com o prefeito de Canguçu, Vinicíus Pegoraro, para ver se a municipalidade assume a instituição. “Tem reuniões hoje. Ele pediu o final de semana para realizar estudos e decidir se vai assumir ou não. Vamos passar o que tem de dívida e o que tem a vencer”, relata.

O prefeito aguarda ser comunicado sobre os desdobramentos da assembleia geral, que contou com apenas 20 dos 83 sócios do hospital. Pegoraro não confirmou a intenção de assumir a gestão do hospital. “Pedi um prazo até terça-feira para ver a possibilidade de aumentar o recurso disponibilizado pela prefeitura”, destaca. Atualmente, pela contratualização, a prefeitura disponibiliza ao hospital R$ 226 mil por mês. “Eu acredito que tem que ter alguém que tenha expertise em gestão hospitalar para que possa solucionar o problema”, opina.




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