Gestão Portuária em Porto Alegre conquista prêmio nacional

Gestão Portuária em Porto Alegre conquista prêmio nacional

Trabalho desenvolvido no Porto da Capital conquistou o 3º lugar em premiação da Antaq 2022, em Brasília

Luciamem Winck

Porto da capital gaúcha é uma alternativa de transporte para diversas atividades, como grãos, cevada, sal e fertilizantes

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A cidade que carrega o porto no nome não é tradicionalmente conhecida por isso. Diferente de outras cidades gaúchas, muitos cidadãos de Porto Alegre desconhecem o funcionamento do porto da Capital. Apesar de ter características de rio, é considerado marítimo e possui quatro quilômetros de cais acostável, podendo receber três navios aportados ao longo do seu curso. Com a intenção de melhorar a gestão ambiental do espaço, bem como a sua produtividade, a Portos RS — responsável por organizar, gerenciar e fiscalizar o sistema hidroportuário do Rio Grande do Sul — começou as tratativas com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) em 2018 para o desenvolvimento de um projeto em conjunto. O contrato foi assinado em agosto de 2020, o que deu início ao Programa de Gestão Portuária, sob a coordenação da oceanóloga e professora Tatiana Silva, do Instituto de Geociências.

A  iniciativa tem 12 subprogramas ativos, entre monitoramento, gestão e integração, e que incluem supervisão ambiental, resíduos sólidos, biota aquática, educação ambiental, modelagem meteorológica e hidrodinâmica, entre outros. O trabalho que vem sendo desenvolvido foi reconhecido no dia 10 de novembro, quando recebeu o Prêmio Antaq 2022, promovido pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários. O porto de Porto Alegre conquistou o 3º lugar na categoria Maior Evolução Anual do Índice de Desempenho Ambiental (IDA). O diretor de meio ambiente da Portos RS, Henrique Ilha, esteve no Clube Naval em Brasília como representante. O prêmio é o reconhecimento de um trabalho em equipe e conjunto com a UFRGS, que aportou recursos técnicos importantes para o Porto de Porto Alegre, um dos que mais evoluíram no país em relação ao IDA”, ressaltou na ocasião.

Para a coordenadora do programa, o que vem sendo desenvolvido é algo inovador para o setor porque, normalmente, os portos usam parâmetros gerais para a sua gestão ambiental e a conformidade com os órgãos fiscalizadores, “acontece que um porto na Amazônia não tem a mesma configuração ambiental que o nosso, então as condicionantes devem ser outras. Além do que, medidas de estado não geram suporte algum para o gestor efetivamente adotar uma ação que gere melhoria ambiental. O que estamos desenvolvendo com a nossa pesquisa e a execução do projeto em Porto Alegre é algo inédito” explicou Tatiana, ao dizer que o programa poderá servir de modelo para todo o país, uma vez que lê as medidas de estado, como, por exemplo, as concentrações de poluentes, sob a ótica ecossistêmica, mais especificamente sobre a perda potencial de serviços ecossistêmicos.

O trabalho de supervisão ambiental realizado no local é a ponte para que todos, inclusive a gestão do Porto, tenham condições de olhar para o todo. “A operação tem alguns impactos ambientais que estão associados à movimentação de carga, de caminhões, ao trabalho portuário de maneira geral”, comenta a engenheira ambiental e membro da equipe Paula  Riediger. “É pela observação da operação e do monitoramento dos parâmetros ambientais, sob a ótica ecossistêmica, que as recomendações de gestão são feitas”, explica Tatiana. Atualmente, o Porto é uma alternativa de transporte para diversas atividades, como grãos, cevada, sal e fertilizantes. A movimentação média é de um milhão de toneladas por ano. Embora quando comparado a outros portos, o volume possa ser considerado pequeno, o porto de Porto Alegre é um importante ponto logístico para o desenvolvimento regional.


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