Greve de aeronautas provoca cancelamentos e atrasos no Salgado Filho, em Porto Alegre

Greve de aeronautas provoca cancelamentos e atrasos no Salgado Filho, em Porto Alegre

Voos tinham como destino os terminais de Congonhas e Guarulhos

Felipe Faleiro

publicidade

A manhã de segunda-feira foi de movimentação tranquila no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, mas houve o registro de dois embarques e dois desembarques cancelados, além de sete atrasos até as 9h30 de hoje, todos com destino aos terminais de Congonhas e Guarulhos. O motivo foi a greve deflagrada na semana passada, com início a partir de hoje e por tempo indeterminado, pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que representa cerca de 16 mil tripulantes das empresas aéreas.

Os três aeroportos estão entre os oito no Brasil onde os aeronautas cruzaram os braços, pleiteando reivindicações às companhias aéreas. Os demais são Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza. A primeira delas é uma recomposição salarial referente às perdas inflacionárias dos últimos três anos. De acordo com a SNA, os aeronautas aceitaram não ter seus salários reajustados durante a pandemia, e até fizeram acordos para redução dos mesmos, alguns chegando a 85% de diminuição. 

“Haja vista a fantástica situação econômica das empresas, com aumento das passagens, e a retomada neste período, entendemos que é razoável reivindicarmos ao menos esta recomposição parcial”, diz o diretor de assuntos técnicos da SNA, o comandante Ondino Dutra. Já o segundo aspecto é um ajuste nos horários de folga dos tripulantes, ao qual o SNA pede “respeito”. “Você sai para uma viagem de seis dias, e está programado para chegar de volta às 8h e iniciar. Então você se organiza. Ocorre que, sem motivo justificado, a empresa altera seu horário de chegada, dizendo que você vai chegar às 20h, o que prejudica sua programação e causa estresse”, comenta Dutra. 

Reivindicações 

Ou seja, o sindicato pede melhor definição dos horários de início das folgas e proibição de alterações nas mesmas. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) interveio, e, na sexta-feira passada, a ministra Maria Cristina Peduzzi determinou pelo menos 90% dos aeronautas em serviço enquanto durar a paralisação, além de multa diária de R$ 200 mil em caso de descumprimento.

O pedido de tutela cautelar havia sido impetrado pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) contra a SNA. No sábado, o vice-presidente da corte, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, apresentou proposta à categoria, visando frustrar o início da greve.

Entre as propostas apresentadas, reajuste de 100% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) sobre salários fixos e variáveis, mais aumento real de 0,5% sobre diárias nacionais, piso salarial, seguro, multa por descumprimento da convenção e vale-alimentação.

Além disto, redução das folgas mensais mínimas de dez para nove, recebendo, caso utilize, indenização equivalente a 1/20 de seu salário fixo. No entanto, o SNA rejeitou a proposta por mais de 76% dos mais de 5,7 mil votantes, e decidiu pelo prosseguimento da greve. 

Impacto reduzido 

O impacto no Salgado Filho foi considerado “reduzido” por Dutra em razão dos “poucos voos” nos horários em que a paralisação deve ocorrer, entre 6h e 8h. “Em outros locais, como São Paulo e Rio de Janeiro, houve um movimento mais contundente. Evidentemente, tudo está dentro da legalidade”, justifica o diretor do sindicato. De qualquer forma, segundo ele, uma solução ainda não foi encontrada até o momento. “Vai depender das empresas realizarem uma proposta que seja aceita pela categoria”, pontua ele.

Procurada, a Fraport, administradora do Aeroporto Internacional Salgado Filho, disse em nota que a empresa “não tem gestão sobre a greve e nem sobre os procedimentos das companhias aéreas para remarcação de voos”. “Seguimos orientando os nossos passageiros que entrem em contato com suas companhias aéreas para confirmarem o status de seus voos.” A Fraport incluiu, em seu site, um aviso em formato pop-up com um link para o contato das empresas aéreas, além de compartilhar nota da Snea, em que esta diz que “acredita que as categorias profissionais podem defender seus interesses por todos os meios legítimos, desde que esgotada a via negocial e observada a legalidade”.

Em São Paulo, houve 11 voos atrasados em Guarulhos e Viracopos, na cidade de Campinas, no interior do Estado, segundo informações do R7. Em Campinas, uma decolagem com destino a Brasília foi afetada. No Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, cerca de 11 voos foram afetados, conforme o painel da Infraero. Já em Brasília, a greve teve quatro voos com decolagem atrasada. Em Fortaleza, o Aeroporto Internacional Pinto Martins teve ao menos seis atrasos.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895