Greve no Metrô de SP continua pelo 2º dia após impasse em negociação

Greve no Metrô de SP continua pelo 2º dia após impasse em negociação

Justiça do Trabalho determinou na quinta-feira que a categoria deve manter 80% da operação nos horários de pico

AE

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O Sindicato dos Metroviários e a Companhia do Metropolitano (Metrô) não entraram em acordo na quinta-feira, 23, e a greve no sistema, que transporta 2,8 milhões de passageiros por dia em São Paulo, continua nesta sexta-feira, dia 24. A manhã iniciou com as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata (Monotrilho) ainda paralisadas pelo segundo dia consecutivo.

Conforme a companhia, por meio do plano de contingência, foi possível iniciar às 6h45 desta sexta-feira a operação de trechos das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha, da seguinte forma.

- Linha 1-Azul: de Ana Rosa a Luz.

- Linha 2-Verde: de Alto do Ipiranga a Clínicas.

- Linha 3-Vermelha: de Santa Cecília a Bresser-Mooca.

- Linha 15-Prata: permanece fechada.

O Metrô apresentou, na madrugada desta sexta-feira, uma proposta ao Sindicato dos Metroviários para encerrar a greve e o retorno de 100% do efetivo às atividades. "A votação dos metroviários deve ocorrer em assembleia do Sindicato, ainda pela manhã, e a expectativa do Metrô é que o serviço possa ser totalmente restabelecido. A proposta contempla o pagamento em abril de abono salarial no valor de R$ 2 mil e a instituição de Programa de Participação nos Resultados de 2023, a ser pago em 2024?, disse em nota.

A Justiça do Trabalho determinou na quinta-feira que a categoria deve manter 80% da operação nos horários de pico (6h às 9h da manhã e 16h às 19h). Nos demais horários, os metroviários devem manter 60% do serviço.

Na noite de quinta-feira, o Ministério Público do Trabalho (MPT) sugeriu que o Metrô pagasse o abono exigido pelos metroviários de R$ 2,5 mil por trabalhador pelo anos de 2020 a 2022 (total de R$ 7,5 mil) para que a categoria voltasse ao trabalho.

Os metroviários afirmaram que esperariam o Metrô aceitar a proposta até 23h para encerrar a greve. Mas, em nota divulgada após esse horário, a empresa afirmou que a companhia vai negociar com os trabalhadores "assim que a categoria retomar às atividades", e afirmou ainda que "seguirá com plano de contingência para garantir o atendimento aos passageiros" nesta sexta-feira.

O pagamento do abono é uma das reivindicações dos metroviários, que alegam não ter recebido da companhia a cota da Participação dos Lucros ou Resultados (PLR) da empresa entre os anos de 2020 e 2022. O Metrô diz que não há dinheiro em caixa para o pagamento.

Na esteira das reivindicações, os metroviários também pedem pelo fim da privatizações e terceirizações do Metrô e o aumento de contratações por concurso público para ampliar o quadro de funcionários.

No começo da noite, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), decretaram ponto facultativo nas repartições estaduais e municipais da cidade de São Paulo e região metropolitana.

No caso do decreto de Nunes, o ponto facultativo não será válido para serviços considerados essenciais, como Serviço Funerário, unidades de atendimento das secretarias de Saúde e Assistência Social, além de toda a rede municipal de ensino e a Segurança Urbana.

A Prefeitura informou também que o rodízio de veículos continuará suspenso nesta sexta, repetindo a decisão tomada pelo Executivo para este primeiro dia de greve.

Por conta das paralisações, São Paulo chegou a registrar, entre o fim da tarde e o início da noite des quinta, mais de 800 quilômetros de lentidão entrar as ruas e avenidas da cidade.

Juíza multa Metrô

Ainda na quinta-feira, o Metrô conseguiu uma liminar que permitiu o funcionamento parcial das linhas paralisadas, utilizando até 80% do quadro de funcionários em horários de pico e de 60% nos demais períodos.

O documento também anulou o acordo de catraca livre que o sindicato havia feito de manhã com o governo de São Paulo que liberaria a cobrança de passagens das pessoas em troca do retorno das atividades da categoria.

Mas, horas depois, a juíza Elaine Aparecida da Silva Pedroso, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), revogou a liminar obtida pelo Metrô. Na decisão, a magistrada entende que o instrumento em posse da companhia não tem validade jurídica e multou a empresa em R$ 100 mil por conduta antissindical.

"Antecedente, reitero a negativa da liminar requerida pelo Metrô e reconheço, incidentalmente, a prática de conduta antissindical, punindo-o com multa de R$ 100 mil, em favor do requerido", escreveu a juíza.

"Uma decisão muito importante da juíza, que preserva o direito da população de usar o metrô e preserva o direito dos metroviários se mobilizarem", afirmou Camila Lisboa, presidente do sindicato, ao Estadão.

Em nota, o Metrô diz "que todos seus atos ao longo da paralisação nesta quinta-feira (23) foram respaldados por decisões judiciais e em benefício da prestação do serviço à população, com a garantia da segurança de sua operação".


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