Greve no Metrô e na CPTM em SP afeta funcionamento das linhas

Greve no Metrô e na CPTM em SP afeta funcionamento das linhas

Sabesp e professores da rede estadual também aderiram à paralisação contra a privatização de empresas e serviços

Correio do Povo e AE

publicidade

Funcionários do Metrô, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp, bem como alguns professores estaduais, realizam uma paralisação coletiva desde a 0h desta terça-feira (28), contra propostas do governo de São Paulo para privatizar empresas e serviços de determinadas áreas.

Segundo informações do site R7, a manifestação é chamada de "Dia Estadual de Greve do Funcionalismo e Estatais" pelos sindicatos que representam os trabalhadores. O Governo de SP estima que 4,6 milhões de passageiros sejam afetados pela interrupção dos serviços sobre trilhos.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou hoje, no Centro de Operações da SPTrans, que a greve dos funcionários de trem e metrô é um "ato criminoso" e "político irresponsável" do sindicato da categoria.

Os metroviários revelaram ao R7 que, caso o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) libere as catracas para que os passageiros usem os serviços sem pagar, os trabalhadores vão fazer a manifestação, mas atenderão o público normalmente.

Dificuldades

Ainda que tenha lido sobre a greve, a faxineira Leniria Pereira, de 61 anos, chegou a ir duas vezes até a estação Corinthians-Itaquera, na zona leste, para ver como estava a situação na manhã desta terça. "Tinha visto que pelo menos no horário de pico alguns trens do Metrô iam passar", disse. Moradora de São Miguel Paulista, ela trabalha na Santa Cecília, na região central.

Ao chegar na estação, porém, foi informada que a linha da CPTM estava fazendo apenas o trajeto da estação Guaianases até a Luz. Decidiu não arriscar. "Vou descer na Luz e fazer o que?", questionou. Logo após falar com a reportagem, ela tirava uma foto das portas do Metrô fechada para enviar para o empregador. "Ônibus hoje fica difícil, lota muito."

A situação é parecida com a da cuidadora Eliene Alves, de 42. Vizinha da estação Itaquera, ela tinha que se deslocar até o Parque São Pedro, na zona sul, para trabalhar. Diante dos portões fechados, cogitava voltar para casa quando falou com a reportagem. "Se o trem da CPTM já chega lotado em dia normal, imagina hoje", disse, encostada em um dos portões fechados do Metrô.

O auxiliar de infraestrutura Levy Reis, de 24, esperava encontrar uma situação melhor entre os ônibus na manhã desta terça. "Na greve de outubro gastei 5h para chegar ao trabalho, desta vez achei que fossem estar mais preparados", disse ele, que trabalha na região da Barra Funda, na zona oeste.

Quando falou com a reportagem, pouco antes das 7 horas, Levy ainda não sabia como chegaria ao trabalho. Os olhos não saiam das filas de ônibus que se formavam do lado externo da estação. "Tenho alguns planos. Já avisei no trabalho e vou esperar para ver se consigo entrar em algum ônibus."

Na zona sul de São Paulo, o movimento no Terminal Santo Amaro estava normal no início da manhã, segundo funcionários e passageiros. A reportagem não encontrou grandes filas ou aglomerações nos pontos de paradas de ônibus, cujos trajetos ligam a zona sul ao centro e a outras zonas da capital. Os veículos não saíam cheios do terminal.

As linhas 5-Lilás, do Metrô, e 9-Esmeralda, da CPTM, que fazem a conexão intermodal com o Terminal Santo Amaro, operam normalmente.

Pouco depois das 7 horas, a reportagem constatou que os vagões da Linha 5-Lilás chegavam cheios no sentido de Chácara Klabin, mas nada fora do normal.

Em razão da greve, passageiros como a copeira Maria do Rosário, que trabalha na Ana Rosa e normalmente utiliza a Linha 1-Azul, hoje com funcionamento parcial, optaram por utilizar as linhas em operação normal para chegar o mais próximo possível do trabalho e, então, terminarão o trajeto de ônibus.

"Eu consigo ir até a estação Santa Cruz pela Linha Lilás e de lá pegar um ônibus para terminar de chegar. Vou levar um pouco mais de tempo, mas até que não vai atrapalhar tanto", diz Maria.

Já Rodrigo dos Santos, administrador, pretende pegar um carro por aplicativo na estação Mackenzie-Higienópolis, da Linha 4-Amarela, para chegar até a Barra Funda. "Normalmente, eu vou para a estação Conceição (Linha 1-Azul) e pego a Linha Vermelha na Sé, até a Barra Funda. Hoje, resolvi vir por Santo Amaro para pegar a Esmeralda até a Linha Amarela. Achei que ia estar lotado aqui, mas está bem tranquilo. Acho que muita gente ficou em casa ou está indo trabalhar de carro", disse Rodrigo.

Rodízio de veículos

Por causa da paralisação, a Prefeitura de São Paulo suspendeu o rodízio nesta terça-feira e vai disponibilizar mais ônibus na capital enquanto as mobilizações estiverem em curso.

Outras restrições permanecem valendo

As restrições de Zona de Máxima Restrição à Circulação de Caminhões (ZMRC) e a Zona de Máxima Restrição ao Fretamento (ZMRF) permanecem, bem como as proibições de circulação de veículos nas faixas e corredores de ônibus. As vagas rotativas de Zona Azul também não sofrerão alterações.

Reforço na frota de ônibus

A frota de ônibus está reforçada com mais 200 veículos (passará de 11.934 para 12.134) que ajudarão no transporte da população. Os itinerários de algumas linhas que costumam ter estações de metrô e trem como pontos finais também serão ampliados com o objetivo de levar os passageiros para regiões centrais e mais próximas de locais onde há maior concentração de comércio e serviços.

Ponto facultativo

O governo de São Paulo determinou ponto facultativo em todos os serviços públicos estaduais da capital paulista. A Prefeitura de São Paulo fez o mesmo. Cirurgias, exames e consultas médicas poderão ser remarcadas. Já escolas e creches, serviços de saúde, assistência social e segurança não serão interrompidos.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895