Guaíba recebe pessoas resgatadas em Eldorado e começa a enfrentar falta de combustível

Guaíba recebe pessoas resgatadas em Eldorado e começa a enfrentar falta de combustível

Situação na cidade é caótica, com filas em supermercados e problemas de conexão com a internet, mas há mobilização para retorno do abastecimento de água

Guilherme Sperafico

Corrente solidária tem predominado na cidade mesmo em meio ao caos

publicidade

*Com informações de Cristiano Abreu

A cidade de Guaíba, assim como centenas de municípios gaúchos, enfrenta uma crise humanitária sem precedentes devido às chuvas e inundações que assolam o Estado há mais de uma semana. Com ruas transformadas em rios e bairros completamente submersos, as autoridades locais e a comunidade unem esforços para enfrentar a emergência.

No Ginásio Coelhão, equipes de resgate recebem aeronaves que trazem pessoas resgatadas de Eldorado do Sul, outra cidade devastada pelas enchentes na Região Metropolitana. Até o momento, 55 pessoas estão abrigadas no local, onde helicópteros da Polícia Militar de Santa Catarina realizam voos de resgate, buscando vítimas em áreas atingidas pelas águas. Quem tem familiares ou amigos para receber, é transferido, enquanto aqueles que não tem para onde ir, permanecem ou são encaminhados para outros abrigos do município.

Desta forma, a situação em Guaíba é de constante alerta e mobilização. O som das sirenes tomou o ambiente do município. Além das aeronaves, diversos meios de transporte são utilizados para resgatar os afetados pelas enchentes, desde caminhões improvisados até veículos de empresas privadas. Entre eles, o veículo logotipado por uma das principais fabricantes de refrigerantes no mundo. O clima na cidade é de tensão e solidariedade, com a comunidade se unindo para ajudar aqueles que mais precisam.

Além dos desafios com as enchentes, Guaíba enfrenta problemas de desabastecimento. Postos já começam a enfrentar o desabastecimento de combustível, o que prejudica as operações de resgate e a mobilidade da população. A falta de água também é uma preocupação, mas esforços estão sendo feitos para religar o serviço em algumas áreas da cidade.

Nos mercados a corrida por mercadorias também é grande. Estacionamentos ficam lotados e alguns lugares, incluindo restaurantes, estão sem internet para possibilitar pagamentos através de cartões. Desta forma, somente pagamentos em dinheiro são aceitos na maioria dos locais. Por todos os lados, longas filas também podem ser visualizadas, com pessoas esperando por várias horas para compra de mantimentos.
O morador Talor Rodrigues, de 46 anos, relata que está há dois dias sem água e com dificuldade na conexão de internet, mas que a energia elétrica, felizmente, não faltou. Ele explica que teve dificuldades para chegar conseguir acessar o supermercado para adquirir os itens necessários para sua casa, onde mora com outras três pessoas. “Um dos estabelecimentos estava com a porta fechada e tivemos que ir no outro. Fiquei uma hora e meia mais ou menos na fila. Gasolina também procurei, mas não consegui encontrar”, conta.

Apesar do contratempo, a solidariedade de muitas pessoas tem se destacado na comunidade. Hotéis e diversos outros tipos de estabelecimentos passaram a vender produtos e serviços praticamente a preço de custo. No bairro Colina, um morador que possui poço artesiano cedeu água para que outras pessoas pudessem buscar.

Neste momento, a prioridade na cidade é garantir abrigo e alimentação, assim como a segurança de todos os afetados pelas enchentes. A colaboração de voluntários com doações e recursos também tem sido fundamental. Ao mesmo tempo, a situação caótica já começa a deixar todos os envolvidos em uma estafa mental muito grande. Na escadaria 14 de Outubro, algumas pessoas foram flagradas pelo Correio do Povo indo até o local para visualizar melhor a enchente e, de lá, algumas suspiravam, enquanto outras choravam ao ver o drama enfrentado na região.

Existem 18 alojamentos emergenciais em funcionamento, abrigando milhares de pessoas, entre cidadãos de Guaíba e Eldorado do Sul. Um novo ponto também foi ativado na Ulbra, localizada na BR. A prefeitura solicita que as famílias que não conseguirem abrigos com amigos e familiares façam o deslocamento até esse novo alojamento com urgência.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895