Hospital de Santa Maria desenvolve projeto para reesterilização de máscaras N95
Protocolo será ativado em casos de ausência e escassez de EPIs
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Uma das alternativas encontradas para o problema enfrentado pelo sistema de saúde, de escassez de equipamentos durante a pandemia de Covid-19, é a reesterilização dos materiais. Em Santa Maria, o Hospital Universitário (HUSM) desenvolveu um projeto de reesterilização e reaproveitamento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), por meio de irradiação germicida ultravioleta (UVGI).
De acordo com o professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e médico do HUSM, Alexandre Schwarzbold, a pandemia causada pelo novo coronavírus exige muitos recursos dos sistemas de saúde em todo o mundo e criou uma perigosa escassez de EPIs. Entre os materiais em falta estão as máscaras faciais com filtro N95, usadas no atendimento direto a um caso suspeito ou confirmado. Diante desse cenário, os físico-médicos do HUSM Guilherme Lopes Weiss, Tadeu Baumhardt e Herculis Rolins Torres desenvolveram um procedimento de descontaminação das máscaras faciais N95, juntamente com os professores André Schuch, Lúcio Dorneles e Alexandre Schwarzbold. O processo envolve a liberação de irradiação UVGI, semelhante a um protocolo desenvolvido e utilizado na Universidade de Nebraska (EUA).
De acordo com o protocolo de Serviço de Controle de Infecção do HUSM, ao invés do descarte após o uso das máscaras, a instituição construirá um fluxo de recolhimento e armazenamento para reprocessá-las em ambiente seguro e adequado. “A UVGI demonstrou inativar efetivamente uma ampla gama de patógenos humanos, incluindo o coronavírus e outros vírus respiratórios, em vários modelos de máscaras N95. Os níveis de UVGI necessários para inativar os vírus respiratórios humanos estão bem abaixo do nível de irradiação que afeta adversamente as características de filtração e integridade das máscaras e podem ser administrados, com segurança, pelos profissionais quando houver salvaguardas apropriadas”, esclarece Schwarzbold.
Segundo o professor, o projeto está pronto para ser implantado, mas apenas será utilizado em casos de escassez ou ausência de EPIs adequados para a segurança dos profissionais de saúde que atendem os pacientes infectados. Inicialmente, o protocolo só irá ser aplicado em máscaras N95, por serem caras e usadas em grande escala, podendo ficar escassas em um momento de crescimento exponencial da epidemia.
Schwarzbold esclarece que o método é resultado de vários testes em algumas universidades americanas e europeias e de revisão da literatura científica. O risco parece ser bem maior com a falta do EPI adequado, improvisação no uso, o mal-uso ou o reuso por mais tempo sem segurança e avaliação.
Como funciona o procedimento?
As máscaras são presas em fios, amarrados em uma caixa ou armário, com exposição à oito lâmpadas de 254 nm, usadas rotineiramente em gabinetes de biossegurança. Monitora-se a dose de exposição ao UVGI fornecida com um medidor, para verificar se a exposição desejada foi alcançada. O monitoramento é realizado à distância, pois a irradiação pode causar danos aos olhos e a pele. Planeja-se descontaminar e reutilizar as máscaras N95 até 3 vezes, garantindo a integridade da máscara nesse período.