HPS e Secretaria de Saúde de Porto Alegre são denunciados ao MP por mudança na troca de enxovais

HPS e Secretaria de Saúde de Porto Alegre são denunciados ao MP por mudança na troca de enxovais

Vereador Jonas Reis afirma que medida "coloca em risco a higienização", enquanto unidade diz que acompanha outros locais

Felipe Faleiro

Medida no HPS vale a partir do próximo domingo, 1º de janeiro

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O Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mantenedora da unidade de saúde, foram denunciados ao Ministério Público gaúcho (MPRS) após a divulgação de um memorando determinando, a partir deste domingo, a troca do enxoval das camas em três vezes na semana para pacientes não dependentes. O documento, assinado pela diretora-geral do HPS, Tatiana Razzolini Breyer, também passa a permitir o uso de pijamas particulares por parte dos pacientes, dependentes ou não, e que os familiares em suas casas são responsáveis pela higienização dos mesmos.

O hospital afirma também que, “em casos excepcionais a roupa de cama destes pacientes poderá ser trocada em outros dias da semana”. A denúncia, feita pelo vereador Jonas Reis (PT), diz que o fato “coloca em risco a higienização dos leitos hospitalares, aumentando o risco de infecções”. “Os pacientes em tratamento estão em alta vulnerabilidade, porque sua imunidade está baixa. Então, os micro-organismos podem atacar gravemente o corpo destas pessoas, e as enfermidades podem ficar mais agressivas ainda. É uma situação gravíssima”, comentou ele. 

O texto da denúncia ainda afirma que há denúncia de que estariam sendo fornecidas camisolas descartáveis e transparentes aos pacientes. “É inadmissível que um hospital público, que atende pacientes em estado grave, coloque em risco a segurança sanitária dos internos e de seus familiares”, pontua. Procurada, a SMS informou que a divulgação de um novo documento por parte do HPS, quatro dias depois do primeiro memorando, manifestando preocupação com a “repercussão gerada” pelo anterior, mas referendando a medida.

O HPS esclareceu que montou um grupo de trabalho específico para discutir o tema em julho deste ano, e que se baseou em evidências científicas para adotar a nova prática, bem como consultou experiências em outras instituições do país, entre elas, os hospitais Mãe de Deus, Ernesto Dornelles e Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. “Não há na literatura mundial descrição de infecções relacionadas a enxoval hospitalar, desde que seguidas as normas do Manual de Processamento de Roupas do Ministério da Saúde e Anvisa”, aponta a nota do grupo.

Ainda, “foram consideradas todas as nuances sob o prisma da humanização, de forma com que os pacientes recebam o melhor e mais seguro cuidado”, e também afirma que considerou “a sustentabilidade ambiental”, justificando que o processamento de roupas causa “grande impacto ecológico”, e também que a nova medida poderia reduzir os custos de aquisição e reutilização de roupas por parte do hospital.


Correio do Povo
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