Ilhas de Porto Alegre voltam a sofrer com cheia do Guaíba

Ilhas de Porto Alegre voltam a sofrer com cheia do Guaíba

Alta dos rios Guaíba e Jacuí, somada ao vento Sul, preocupa moradores do Arquipélago

Felipe Faleiro

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O sol voltou a aparecer no final da manhã desta quinta-feira (14), e a chuva persistente deu lugar ao frio. Nas ilhas de Porto Alegre, a alta do Guaíba e do rio Jacuí, somado ao vento sul que sempre preocupa os pescadores e moradores do Arquipélago, fez com que as águas subissem ao máximo de 2,70 metros horas antes, de acordo com a régua de medição da Agência Nacional de Águas (ANA) no Cais Mauá, no Centro Histórico. Já a medição manual na Ilha da Pintada anotou 2,44 metros, alta de 36 centímetros em relação à manhã do dia anterior, índice acima da cota de alerta, de dois metros, e de inundação, de 2,20 metros.

A situação fez com que moradores da Pintada levassem caiaques para o meio da avenida Presidente Vargas, que se transformou em uma extensão do Guaíba, para poder trafegar no local. A pé, a lâmina d’água alcançava a panturrilha. O autônomo Júlio César dos Santos Barcelos relatou que mora há quatro anos no local, e não havia visto enchente ainda como a atual. O pátio da residência dele, em cujo terreno moram dez pessoas, alagou, mas a água não entrou em sua casa. 

“Está até tranquilo, mas o que podemos fazer? Têm muitos em que a casa está totalmente alagada. Nunca estamos acostumados”, observou ele. A Ilha da Pintada é onde está montado um dos três abrigos montados pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, e onde havia 34 pessoas no final da manhã da quinta. Na Ilha Grande dos Marinheiros, onde a luz retornou depois de quase 24 horas, apesar do alagamento, a rua Nossa Senhora Aparecida, a principal do local, esteve praticamente toda interditada nesta quinta. Veículos somente poderiam passar a baixa velocidade.

Em uma casa simples na via onde a água também chegou no pátio, a dona de casa Isabel Cristina Prado da Silva observava seus filhos e netos, quatro crianças com idades entre quatro e dez anos, brincarem de botinas na água barrenta e contaminada. Ao lado, estava o oficial de manutenção Sérgio Alessandro Aguiar da Silva, irmão de seu genro, que não foi trabalhar no Centro em razão da enchente.

“Hoje (quinta) meu chefe liberou, disse que era para eu resolver minhas coisas”, comentou ele. Já Isabel disse que recebeu os calçados das crianças por meio de doações. “Ouvi dizer que ainda tem muita água para vir. Tomara que não aconteça”, relatou Isabel, acrescentando que a água havia subido rapidamente na noite anterior, surpreendendo a família.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895