Início das obras no Morro Ricaldone traz alívio para os moradores de Porto Alegre

Início das obras no Morro Ricaldone traz alívio para os moradores de Porto Alegre

O projeto de contenção do talude no bairro Moinhos de Vento foi financiado por moradores

Paula Maia

Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura a previsão de conclusão é de oito meses e o custo estimado é de R$ 1,2 milhão

publicidade

Após mais de uma década de reivindicações, o início das obras de contenção de um talude na área verde do Morro Ricaldone, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, trouxe alívio aos moradores da região.

O movimento teve início em 15 de janeiro, com um custo estimado em R$ 1,2 milhão. Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (SMOI), a previsão de conclusão é de oito meses. A obra está a cargo da empresa R.C.A Engenharia e Infraestrutura, vencedora da licitação, e o projeto foi financiado pelos próprios moradores, que realizaram uma vaquinha e contrataram uma empresa de engenharia para a realização do projeto.

O secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, explicou que a obra está na fase de instalação, e um bloqueio parcial na via foi realizado para organizar o trânsito e garantir a segurança dos transeuntes e dos trabalhadores. Ele destacou que está prevista apenas a remoção de vegetação que estejam com suas estruturas comprometidas.

Flores atribuiu a demora para o início das obras à alta densidade populacional de Porto Alegre e à falta de investimento e atenção adequados. Ele afirmou que a prefeitura está empenhada em "recuperar o tempo perdido".

“Porto Alegre é uma cidade densamente ocupada em toda a sua extensão. E a gente entende que há um certo déficit de investimento, não só em Porto Alegre, mas em todas as regiões urbanas do Brasil. A gente tem visto isso com essa questão de encostas, de morros, e ainda mais agravado pelos eventos climáticos extremos que a gente tem presenciado cada vez com mais frequência. Então acho que isso é uma preocupação que tem que ter o poder público. Nós estamos tendo, estamos mapeando essas áreas de risco para que possamos fazer investimentos e cuidado sempre das pessoas”.

Um dos líderes do processo de engajamento da comunidade para a execução das obras é José Julio Miranda. Ele expressou alívio com o início dos trabalhos do projeto entregue ao poder público em 2022.

Miranda, morador da rua Engenheiro Álvaro Nunes Pereira, acima do Morro Ricaldone, há 16 anos, lembrou que a primeira reunião para discutir a necessidade de obras ocorreu no clube Leopoldina Juvenil, há 13 anos. Ele também enfatizou a importância da mobilização da comunidade ao longo dessa década e elogiou o projeto, que prevê o escoramento do morro e a preservação da vegetação.

“O projeto contempla o escoramento do morro e preservação da vegetação. Estão iniciando a ancoragem. Serão colocados furos no terreno que vão até a rocha e depois por esses furos serão colocados cabos de aço presos da rocha e na ponta serão instaladas placas”, explicou afirmando que só viu o andamento desse projeto por parte da prefeitura nesta gestão.

Mônica Maligo é residente do bairro há sete anos. Ela afirma que está acompanhando a obra de perto e lembra que o alerta de deslizamento foi tema em diferentes gestões e que foi necessário intervenção do Ministério Público. Ela também recordou os episódios de chuvas intensas do ano passado que geraram pânico entre os moradores, alimentando o temor.

“Começamos a ficar muito desesperados, a parte de cima do morro começou a cair e se tornou desesperador. Foram noites de insônia. Recorremos ao Ministério Público e a coisa começou a andar. Cada vez que saia uma matéria na imprensa a prefeitura se mexia. A sensação é que vai ficar tudo pronto.”


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895