Inclusão e acessibilidade são destaques do projeto “Marcelo Vai Andar de Ônibus” em Novo Hamburgo

Inclusão e acessibilidade são destaques do projeto “Marcelo Vai Andar de Ônibus” em Novo Hamburgo

Objetivo é surpreender os usuários de ônibus adaptados através do humor e sensibilidade; intervenções trazem uma abordagem voltada para a inclusão de Pessoas com Deficiência

Fernanda Bassôa

O boneco Marcelo, que mede 80 centímetros, é uma personagem que interage através da técnica de manipulação

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O transporte público em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, ganhou um novo olhar nesta semana com intervenções que integram o projeto “Marcelo Vai Andar de Ônibus”, criado pela gestora cultural e diretora da Cia de Teatro Entre Linhas, Alice Ribeiro. Com objetivo de surpreender os passageiros (usuários de ônibus adaptados) através do humor, sensibilidade, imaginação e criatividade, as intervenções trazem uma abordagem voltada para a inclusão social e acessibilidade de Pessoas com Deficiência (PCDs), seja visual, motora, mental ou auditiva.

O boneco Marcelo, que mede 80 centímetros, é uma personagem que interage através da técnica de manipulação conhecida como Boneco de Varas e é articulado por Alice. “Acreditamos na amplitude e na força do teatro de animação para compartilhar alegria, leveza e, agora, também inclusão”, enfatiza a gestora. Nas intervenções realizadas nos ônibus é feita audiodescrição, com o intuito de estimular a empatia e fomentar o respeito às diversidades. Artista desde a década de 80, Alice conta que o projeto surgiu da vontade de atrair um público que não costuma acessar os espaços públicos de artes.

“Aliamos esta ideia à questão da acessibilidade, que ainda é um assunto difícil. Pensamos em uma forma de acolhimento. É necessário trazermos essa responsabilidade para nós, que enxergamos, e fazer as pessoas estarem presentes em locais onde não as vemos. É preciso que tenhamos consciência de que os PCDs são usuários de ônibus e trem.” A viagem desta semana ganhou um convidado especial, o deficiente visual Júlio Claúdio Nunes Rodrigues, que perdeu a visão há cinco anos e hoje atua na associação dos Deficientes Visuais de Canoas (Adevic).

“O projeto trabalha acessibilidade e inclusão. É muito gratificante sentir o interesse das pessoas para dar voz à necessidade de quem tem necessidade. O projeto vem descortinar e nos envolver em meio à multidão. Traz uma abordagem muito realista de como agir como pessoas com PCD. Eu já andei muito em pé dentro dos ônibus porque as pessoas não sabem como agir e não sabem como nós vamos reagir a abordagem das pessoas.” Segundo Rodrigues, no transporte coletivo falta material humano, capacitação da empresa e de seus funcionários para lidar com pessoas que tenham algum tipo de deficiência. “Porque a parte mecânica nos dá condições dentro do que é permitido. O problema ainda está na empatia das pessoas.”

O projeto “Marcelo Vai Andar de Ônibus” foi selecionado no Edital de Fomento Artístico e Cultural (Lei Paulo Gustavo) da Secretaria da Cultura de Novo Hamburgo, com recursos do Ministério da Cultura.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895