Indígenas charruas realizam encontro de integração na aldeia Polidoro, em Porto Alegre

Indígenas charruas realizam encontro de integração na aldeia Polidoro, em Porto Alegre

Encontro tem a presença de representantes da Prefeitura e Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde

Felipe Faleiro

Encontro de integração, compartilhamento de saberes e produção de saúde na Aldeia Polidoro Charrua.

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“Um encontro histórico”. Assim definiu a cacica Acuab, da aldeia Polidoro Charrua, sobre o evento que ocorre nesta quarta-feira na comunidade, no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. Os indígenas charruas, que vivem no local em 24 famílias, se reúnem hoje para exposição de artesanatos locais, almoço com comidas típicas, realização de trilhas ecológicas, danças e rituais tradicionais, com a presença de representantes da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, além da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

“Nós estamos muito felizes e contamos com o apoio de todos para este momento”, comentou a cacica, acrescentando que eventos como este ocorrem com certa frequência, porém não com a presença de diferentes entidades e da imprensa. Os agentes públicos estiveram no local a fim de conversar e obter informações de saúde desta população. Vivendo em área hoje reconhecida pelo governo federal, os charruas, além de serem calorosos anfitriões, contaram que passaram dificuldades com o clima, já que a horta comunitária foi destruída pelas chuvas e ventos.

No período da manhã, os representantes se reuniram em uma das casas e debateram sobre as questões da comunidade. “Nosso papel é principalmente focado na atenção diferenciada na saúde em sua interculturalidade, entre a medicina ocidental e as tradicionais de cada povo. Estamos particularmente contentes por ser um evento charrua e protagonizado por esta comunidade. Eles têm muito a nos ensinar e não existe saúde indígena sem estes momentos de troca”, comentou a psicóloga do polo de Porto Alegre da SESAI, Gabriela Zuchetto.

Para o gerente da equipe de saúde indígena da SMS e membro da Rede Divina Providência, que cuida da saúde desta etnia, Luis Afonso Cabral, esta ligação de conhecimentos é importante para garantir a preservação dos costumes do povo charrua. “Contamos com uma equipe completa, com médico, enfermeiro, técnico de Enfermagem, coletando exames, realizando vacinas, então acreditamos ser de extrema importância esta ação”, afirmou. Hoje, há também a presença do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Girassol, do bairro Restinga, oferecendo suporte psicológico.

Os indígenas também receberam doações de alimentos, em parte da ONG Amigos Solidários, de Gravataí. “De forma geral, buscamos pessoas esquecidas, enfim, vamos atrás de vidas, atendendo às necessidades das comunidades carentes. Por um convite da Prefeitura, estamos aqui hoje, voltando nossa atenção para um povo que também é esquecido em Porto Alegre”, pontuou o presidente da ONG, Rafael Veiga.

A comunidade da aldeia Polidoro é uma das últimas no estado dos charruas, cujo papel é reconhecido na História, embora sua população seja baixa hoje no estado. A aldeia existe desde 2007, segundo a Prefeitura, que assentou as então nove famílias na área onde hoje estão situados, conforme demandas das próprias lideranças e da Secretaria Municipal de Direitos Humanos (SMDH), como era denominada na época. No ano anterior, os indígenas haviam sido removidos de forma emergencial de área de risco no Morro da Cruz. A área na Lomba do Pinheiro, próxima à divisa com Viamão, é também considerada uma Área Especial de Interesse Cultural (Aeics).


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