Indígenas produzem produtos artesanais para a Páscoa
Mais de 500 pessoas estão acampados no parque Harmonia
publicidade
Ao passar pelo parque Harmonia, é impossível não notar a coexistência marcante de duas realidades distintas: de um lado, um cenário de obras em pleno andamento, com máquinas e operários trabalhando incansavelmente; do outro, um acampamento que abriga cerca 500 pessoas, entre adultos e crianças indígenas.
O acampamento dos kaingang no Harmonia é uma tradição consolidada por mais de três décadas. São famílias vindas de 10 aldeias de diferentes partes do Rio Grande do Sul. Elas produzem produtos artesanais para a Páscoa que são comercializados em diferentes bairros da Capital.
Este ano, eles chegaram no parque Harmonia no dia 10 de março e pretendem ficar até o dia 1 de abril. Mais três ônibus estão sendo esperados para o dia 21 de março.
De acordo com líder indígena Miguel Farias, o acampamento no Parque Harmonia é mais do que um espaço de produção artesanal, é uma representação viva da cultura e tradição indígena, enraizada na história do local. No entanto, ele revela que o acampamento enfrenta desafios significativos, como a escassez de recursos básicos, como lenha, e a diminuição de outras doações como roupas e alimentos realizadas por empresas.
Farias contou que para o ano que vem são esperados quase o dobro de pessoas e que pretende encaminhar para o Governo do Estado uma solicitação de um outro local para abrigar as centenas de famílias, não apenas no período da Páscoa, mas também em outras datas comemorativas.
“Até o dia 1º eu tô fazendo ofício para solicitar uma terra definitiva para vir em outras datas, não apenas para a Páscoa, nós temos a Semana Farroupilha, o Natal. Pode não ser esse espaço. O Estado tem espaço. No próximo ano eu vou ter quase mil pessoas”, contou
Ele conta com a ajuda da comunidade e das autoridades para garantir que as famílias indígenas tenham os recursos necessários para continuar com as atividades e preservar sua identidade cultural.
Vanderleia Mariano está acampada com a família de 15 pessoas desde o primeiro dia. Já faz três anos que eles saem de Três Palmeiras para confeccionar mais de 50 cestas por dia e vender nos bairros da Capital. Ela conta que as cestas decoradas são comercializadas entre R$ 5 a R$ 35.