Infográfico exibe motivos da enchente devastadora em Porto Alegre e região metropolitana

Infográfico exibe motivos da enchente devastadora em Porto Alegre e região metropolitana

Combinação de fatores faz agravar a cheia na Capital, quebrando recordes históricos

Felipe Faleiro

Alagamento na avenida Souza Reis, zona norte de Porto Alegre, na manhã desta segunda-feira

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Nesta segunda-feira, pela segunda vez a enchente em Porto Alegre superou a marca da inundação de 1941. Até o evento de 2024, esta havia sido a maior registrada na Capital. Com a chaga da água ainda em aberto e o evento trágico em andamento, possíveis reflexões do que está acontecendo, e principalmente eventuais mudanças, devem se basear em planos de longo prazo, avalia o professor Fernando Dornelles, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O órgão tem sido um dos que está na linha de frente do monitoramento da atual cheia. "Inicialmente, é necessário reconhecer que não há nada mágico que melhore esta situação de uma hora para outra. Precisamos ter uma gestão e projetos mais bem pensados para o futuro, levando todo o aprendizado com os problemas reais que estamos vendo”, aponta Dornelles. Com os recursos tecnológicos à disposição, algo que não havia há 83 anos, é possível agora acompanhar praticamente em tempo real o comportamento dos rios afluentes do Guaíba e do próprio curso d’água porto-alegrense, baseando, assim, tomadas de decisões que afetam a população.

Há certo consenso de que a cheia é causada pela chuva excessiva e falhas no Sistema de Proteção Contra Cheias, com seus diques, casas de bombas e comportas, e que, em tese, deveria ser capaz de frear o avanço das águas na direção do Centro Histórico e zona norte, conforme infográfico elaborado pelo Correio do Povo (veja abaixo). Ele mostra como cada ente contribuiu para a elevação do nível dentro de Porto Alegre. Neste começo de semana, o agravante do vento Sul, conhecido na região do Arquipélago como “rebojo”, e sempre temido pelos moradores, deve acelerar a inundação e quebrar novamente o recorde da altura da água.

Para o professor, de modo infeliz, somente após tragédias e catástrofes mudanças são efetivamente realizadas, a exemplo das chuvas fortes na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011, que causaram 918 mortes e são, até hoje, consideradas a maior catástrofe climática do Brasil. “No ano seguinte, houve diversas alterações nas esferas estadual e federal no enfrentamento de desastres, inclusive com a fundação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e publicado uma nova Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade)”, comenta ele.

Confira o infográfico


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895