Inundação do Guaíba: Alagamentos, moradores desalojados e ruas bloqueadas

Inundação do Guaíba: Alagamentos, moradores desalojados e ruas bloqueadas

Painel de monitoramento disponibilizado publicamente pela Agência Nacional de Águas (ANA) ficou fora do ar

Felipe Faleiro

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O Guaíba superou hoje a cota de inundação em Porto Alegre, elevando a 3,17 metros no começo da tarde, com níveis maiores do que a grande cheia de outubro de 2015. Isto fez com que todos os trechos da orla, da área central à zona Sul, fossem atingidos pelo alagamento, incluindo o Cais Mauá, que estava com todas as comportas fechadas e ainda com o reforço de sacos de areia. Pessoas foram retiradas de suas residências, ruas foram bloqueadas e o trânsito ficou comprometido. 

Além dos efeitos da chuvarada de mais de duas semanas, fazendo com que os fluxos dos afluentes do Jacuí se misturassem aos dos arroios da Capital, ainda houve o temido vento Sul, represando as águas, devido ao ciclone extratropical desta quarta-feira na costa gaúcha. Para agravar a situação, a Prefeitura não teve certeza por várias horas do nível oficial alcançado pela água, já que o painel de monitoramento disponibilizado publicamente pela Agência Nacional de Águas (ANA) ficou fora do ar durante toda a manhã e grande parte da tarde, impedindo que se soubesse, por exemplo, o nível da régua de medição mantida no cais pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). 

A última medição disponível havia sido às 7h15min, quando a marca estava em 2m94cm, muito próxima dos 2m97cm alcançados há oito anos, e ainda com tendência de subida. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) chegou a orientar os motoristas a não circular pela orla e região central, com sugestão de trânsito à zona Sul via 3ª Perimetral. No começo da tarde de hoje, 20 ocorrências haviam sido registradas pelo órgão, sendo quatro pontos com bloqueio total, dois nas ilhas e outros dois na zona Sul, especialmente avenida Guaíba, bairro Guarujá, além de três semáforos fora de operação e um poste com fios caídos, na rua Filadélfia com avenida Cristóvão Colombo, bairro São João.

Ainda aumentou para 137 o número de pessoas nos abrigos montados pela Prefeitura, com 89 abrigados em dois locais na região das ilhas, e outros 48 indígenas residentes do bairro Lami que estavam no Centro Social Padre Pedro Leonardi, na Restinga. Na sede do Centro Integrado de Comando de Porto Alegre (Ceic), o prefeito Sebastião Melo disse hoje pela manhã que a prioridade era “salvar os moradores das ilhas”, já que o Arquipélago estava praticamente embaixo d’água.

“Determinamos a abertura do Ginásio do Demhab, vamos acolher pessoas se necessário, e ainda vamos arrumar um segundo e um terceiro lugares se for preciso. Não vai faltar acolhimento e carinho”, comentou ele. Melo também acrescentou ter a expectativa de que a partir de sexta-feira as águas baixem, “de acordo com a meteorologia”, comentou ele. Questionado se este é um dos maiores desafios de sua gestão, Melo comentou que “atitudes precisam ser tomadas de forma coordenada, planejada e sem vender aquilo que não se pode entregar”. 

“Dizer que vamos acolher todos os moradores de áreas de risco não é verdade. É uma política que precisa ser de estado, não de governo. Se você retirar e acolher estas pessoas do Partenon, do Beco da Morte, do Campo da Tuca, do Túnel Verde, e não tomar uma atitude, e não fazer algo a longo prazo, é enxugar gelo. É preciso ter uma política de curtíssimo prazo”, comentou. De acordo com a MetSul Meteorologia, a enchente enfrentada hoje por Porto Alegre foi também a maior desde setembro de 1967 e a segunda maior desde a histórica de 1941.


Correio do Povo
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