Líderes do futuro do RS já estão em processo de formação

As lideranças de amanhã já estão entre nós e se preparando para guiar a sociedade do futuro. No início de 2024, dois gaúchos fizeram parte de um grupo com quase 50 alunos da rede pública de educação que viajaram para os Estados Unidos. No Hemisfério Norte, Igor Pires Guimarães, morador de São Leopoldo, e Larissa D'Avila Farias, de Caxias do Sul, ambos com 18 anos, participaram do intercâmbio do programa Jovens Embaixadores, patrocinado pela Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, destinado a jovens líderes comunitários.

Em suas cidades, Igor e Larissa promovem a cidadania a partir de projetos sociais, por isso foram selecionados pelo Consulado Geral dos Estados Unidos em Porto Alegre. Eles ficaram de 20 de janeiro a 4 de fevereiro nos EUA. Inicialmente, o intercâmbio teve uma breve passagem pela capital americana, Washington. Após, o grupo de 46 anos brasileiros foram divididos em grupos menores nos estados do Michigan, Florida e Oklahoma.

De acordo com a cônsul geral dos EUA em Porto Alegre, Carrie Muntean, o objetivo do programa, criado em 2003, é buscar jovens engajados em iniciativas que beneficiem toda a comunidade na qual estão inseridos, com ações empreendedoras nas áreas de inclusão social, educação, mobilidade urbana, igualdade de gênero e raça, meio ambiente, crédito comunitário e muito mais. Desde o programa foi lançado, cerca de 800 jovens brasileiros já realizaram o intercâmbio.

“A grande importância de uma iniciativa como o programa Jovens Embaixadores é proporcionar trocas e aproximar jovens de realidades semelhantes em países geograficamente distantes. Tanto no Rio Grande do Sul quanto nos Estados Unidos, os jovens enfrentam diversas incertezas e desafios, por isso é importante que eles vejam com os próprios olhos que o mundo é cheio de oportunidades e que eles podem fazer a diferença, e que o começo disso pode estar assumindo um papel de liderança, de inovação, dentro da sua própria comunidade”, citou a cônsul geral.

A jovem Larissa, de Caxias do Sul em Washington, no início do intercâmbio | Foto: Consulado Geral dos Estados Unidos/Divulgação/CP

“O programa faz a gente ter vontade de viver”

A caxiense Larissa foi uma das intercambistas encaminhadas para a cidade de Pensacola, na Flórida. Lá, a estudante do Instituto Federal de Caxias do Sul conta que participou de círculos de palestras, além de visitas em museus, universidades e escolas da região. Grande parte das atividades tinham alguma relação com liderança, vivências e melhorias para os projetos que já eram executados pelos jovens no Brasil. “O programa faz a gente ter vontade de viver. Estar em um grupo desses é muito importante para o nosso crescimento. Lá, a gente aprende que liderar é muito mais aprender com o grupo do que ordenar funções”, relembrou.

A jovem foi selecionada para o intercâmbio por fazer parte da diretoria nacional do programa “Mais Startup”, que oferece mentoria online e gratuita para jovens de todo o Brasil. No projeto, Larissa ajuda outras pessoas com a idade dela a trabalharem o aprendizado, perseguir seus sonhos e difundir o conhecimento. “Além das palestras, eu acho que toda a experiência de poder conviver com pessoas do país inteiro também contribuir para a nossa visão de como são as coisas são hoje em dia, de como que é diferente em cada comunidade. E para o meu projeto, que atinge o Brasil todo, acho que foi uma experiência muito marcante, pois assim eu consigo entender mais a realidade de outros estados”, completou a jovem.

Um dos pontos de reflexão que o programa ofereceu para Larissa foi a preocupação de pensar no futuro de forma coletiva. “Viver em uma comunidade cheia de jovens preocupados com o futuro dá vontade de ir atrás daquilo que você quer. Pois muitas vezes a gente é barrado por várias situações do nosso dia a dia. E uma coisa que eu certamente aprendi foi que a gente não pode estar em posição de liderança para mostrar como os outros devem fazer, mas sim para aprender com eles. Todas estas experiências fazem entender como ser um líder de verdade para chegar em uma posição assim no futuro”, destacou.

Larrisa aponta ainda a importância do programa em permitir que estudantes de escolas públicas possam participar de uma experiência única. “São pessoas que estão lutando por um futuro melhor. O principal é criar um grupo de pessoas que busca impactar e inspirar mais pessoas. Além de toda a questão econômica, já que todo mundo não conseguiria fazer esse intercâmbio por conta própria, sem o auxílio do programa”, finalizou.

Morador de São Leopoldo, Igor levou uma camiseta do projeto do IFSul de Novo Hamburgo para uma foto em frente a Casa Branca | Foto: Consulado Geral dos Estados Unidos/Divulgação/CP

“Na vida, temos pouco tempo para ajudar quem mais precisa”

O outro gaúcho que participou do programa foi o jovem Igor Pires Guimarães, morador de São Leopoldo mas que estuda no Instituto Federal de Novo Hamburgo. No local, ele era voluntário do projeto “Ubuntu”, que divulga ações afirmativas em escolas públicas da periferia do Vale do Sinos, oferecendo ainda apoio para jovens em situação de vulnerabilidade, mostrando que é possível continuar estudando e seguir carreira profissional.

Nos EUA, Igor atuou em Tulsa, no Oklahoma, auxiliando na coordenação de atividades, principalmente em instituições que trabalham a melhoria de indicadores sociais como forma de ajudar as pessoas da região. Ele conta que muitas de suas atividades consistiam na visita à ONGs, atuando diretamente nas ações praticadas por estas instituições.

“Em um destes lugares, por exemplo, a gente foi onde entregam comida saudável para pessoas em vulnerabilidade. Em outro, visitamos um restaurante que contratam mulheres que recém saíram da prisão. A gente aprende muito sobre o impacto social destas atividades. Todas estas experiências do intercâmbio me ajudaram a crescer como pessoa e liderança”, contou.

Igor recordou ainda que o projeto social a qual fazia parte foi encerrado em Novo Hamburgo, pois tratava-se de uma ação temporária. Entretanto, ele não deixará de ajudar as pessoas em prol de um presente e um futuro melhor. Em parceria com outros alunos selecionados para o intercâmbio nos EUA, ele falou sobre uma nova ideia que será criada em breve.

“Esse projeto se chama Alfa Brasil e tem o foco principal em ajudar pessoas idosas a se alfabetizarem. E não apenas quanto à leitura, mas também se alfabetizarem tecnologicamente. Eles vão aprender o que é um LinkedIn, como entrar o YouTube e fazer muitas outras coisas que, infelizmente, ainda é algo muito difícil para grande parte deles”, completou.

O gaúcho de São Leopoldo também destacou os impactos positivos que a experiência trouxe para a sua vida acadêmica, pessoal e, futuramente, profissional. “Eu estava com uma divergência entre fazer faculdade ou não. Mas eu me senti mais motivado para continuar estudando e aplicar tudo o que eu aprendi. Eu quero sair um pouco da área de tecnologia e ir para a área de humanas, principalmente em Relações Internacionais. Ficou muito claro para mim que, na vida, temos pouco tempo para ajudar quem mais precisa”, reforçou.

Para ele, a oportunidade única de participar do programa também ajudou o ajudou a ter mais responsabilidade no seu papel de líder e também a se comunicar mais facilmente com outras pessoas. “Achei surreal que essa oportunidade pudesse acontecer com pessoas como a gente, pois acabou levando adolescentes que nunca teriam condições de realizar uma viagem como essa. Tudo porque nós estudantes nos propusemos a ajudar pessoas sem algo em troca. Muitas vezes, a gente tem essa síndrome de impostor, de pensar que não temos capacidade. Então isso é uma recompensa muito grande para também inspirar pessoas a crescerem”, finalizou.