Liberada a pesca do camarão na Lagoa dos Patos

Liberada a pesca do camarão na Lagoa dos Patos

Pescadores têm expectativa muito positiva em relação à safra

Angélica Silveira

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A pesca do camarão está liberada a partir desta quarta, e pelos próximos quatro meses, na Lagoa dos Patos. A estiagem (que prejudicou principalmente os agricultores), a salinidade da Lagoa e o clima quente fazem com que os pescadores tenham uma expectativa muito positiva em relação à safra, que vai até o dia 31 de maio.

“A partir de novembro a água começou a salgar, o que favoreceu a entrada do camarão vindo do mar para a Lagoa. O clima quente e a estiagem são propícios para o desenvolvimento do crustáceo”, explicou o presidente da colônia Z1, em Rio Grande, Nilton Machado.

Na cidade, em torno de 1 mil pescadores estão regularizados e estão autorizados para ir atrás do camarão na lagoa. O crestáceo já começou a ser vendido em vários locais, como o Mercado Público da cidade no centro. Para Machado, o ideal é que os pescadores recebam no mínimo de R$ 10 pelo quilo do camarão. Nesta quarta, o produto estava sendo vendido á R$ 7 pelos pescadores do bairro São Miguel.

“O problema é que vemos um movimento nos intermediários para pagarem menos e ganhar mais vendendo para o consumidor. Logo quem acaba ganhando mais é o intermediário entre o pescador e o consumidor final onde praticamente o preço segue inalterado de uma safra para outra”, observa.

Em Rio Grande, a cerimônia de abertura será na sexta-feira, a partir das 11h, nas docas do Mercado Público. O grande diferencial do evento é a degustação de paella de camarão pela comunidade, a ser preparada pelos gourmets Marquetoti e Paes.

Os barcos devem chegar a partir das 7h, logo em seguida inicia o preparo da paella, que será servida por volta das 12h. Está prevista a distribuição de 300 porções, por ordem de chegada. O músico Carlinhos Teclados deve ser apresentar no local.

De acordo com informações da Secretaria Municipal da Pesca, Agricultura e Cooperativismo, cerca de 3 mil famílias rio-grandinas estão envolvidas na cadeia da pesca artesanal do município, o número que corresponde a 60% do total da região.

Pelotas

Já em Pelotas, em torno de 650 pescadores são credenciados para a função. “Há um número maior de pescadores, mas nem todos estão habilitados, encaminharam a documentação”, diz a extensionista da Emater, Márcia Vesolosquzki. Eles acreditam que a safra será melhor que anos anteriores, mas não projetam a quantidade. “A estiagem é boa pois baixa o nível da lagoa, e consequentemente aumenta a safra do camarão, que é a principal atividade. É a expectativa deles, pois eles capturam outras espécies, tem tainha, linguado e corvina, mas o carro chefe que a rentabilidade é maior é o camarão mesmo”, justifica.

A abertura da safra ocorreu no final da manhã desta quarta-feira na colônia Z3. O evento contou com a presença de autoridades e com a entrega das licenças aos pescadores habilitados, além de um almoço que teve frutos do mar como prato principal. A expectativa dos pescadores é que o valor fique em torno de R$ 12 para eles, o produto sujo e de R$ 35 a R$ 40 para o consumidor final, o camarão limpo.

Em São José do Norte, em torno de 1250 pescadores vivem da pesca do crustáceo. A abertura da safra foi marcada por uma ação na localidade do Barranco, às margens da Lagoa dos Patos que incluiu uma palestra da Capitania dos Portos sobre cuidados com a navegação. A origem do pescador na região foi o tema da fala dos arqueólogos Laura Pinheiro e André Silva. Conforme o secretário de agricultura do município, Josué Machado, a projeção é que até maio sejam capturados seis mil toneladas de camarão somente no município.


Correio do Povo
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