Lixo a ser recolhido do rio Gravataí, em Cachoeirinha, irá para empresa de São Leopoldo

Lixo a ser recolhido do rio Gravataí, em Cachoeirinha, irá para empresa de São Leopoldo

Prefeitura estima que há 1,2 tonelada de material no local, que ainda não começou a ser removido

Felipe Faleiro

Flutuante, balsa e barco que conduz ambos estão atracados na área do Pier da Praça do Ecoturismo

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O lixo que será recolhido do rio Gravataí, no trecho do chamado dique, em Cachoeirinha, será encaminhado à empresa CRVR, de São Leopoldo, a mesma que já recebe os resíduos sólidos domiciliares do município. A informação é da Prefeitura local, que estima haver 1,2 tonelada de material na área do rio. Hoje, funcionários da empresa Firma de Mergulho Engenharia (FDM), do bairro Arquipélago, em Porto Alegre, circularam de barco pelo local onde há duas contenções, uma abaixo da ponte e outra mais na direção do Pier da Praça do Ecoturismo, para inspeções e remoção temporária das barreiras.

As mesmas serão deslocadas cerca de 50 metros no sentido da foz, para que possam circular os barcos que irá recolher os resíduos. Ocorre que duas estruturas foram contratadas: uma balsa com uma escavadeira, que recolherá o lixo do Gravataí, e um flutuador, sobre o qual ficarão os contêineres. Assim que autorizados a passar, ambos vão para a área dos resíduos, cerca de um quilômetro no sentido da nascente, e quando os contentores estiverem cheios, retornam para o píer, onde serão esvaziados na rampa de acesso ao rio.

Hoje, até o começo da tarde, o recolhimento ainda não havia iniciado. A Prefeitura disse que houve “imprevistos” para o início não ter ocorrido na quinta-feira. O flutuante atrasou a chegada, pois vinha navegando em velocidade reduzida devido aos bancos de areia. O barco rebocador de ambas as estruturas também estava parado havia dois anos, afirmou o comandante do mesmo, que não quis se identificar. “Sabemos que todos estavam na ânsia do início dos trabalhos de recolhimento, mas queríamos deixar tudo pronto primeiramente”, afirmou o secretário Municipal de Infraestrutura e Serviços Urbanos de Cachoeirinha, Cléo Pereira. 

De acordo com ele, foi feito um contrato emergencial e uma rubrica específica no Orçamento para esta remoção de resíduos. A FDM, que já fez trabalhos similares em Canoas e Porto Alegre, ofereceu o menor valor, de R$ 1,320 milhão. Outra questão a ser resolvida é o que será feito com as macrófitas, plantas aquáticas que formaram um verdadeiro tapete verde sobre o Gravataí, e inclusive sua presença está misturada a parte do lixo acumulado, bloqueando a passagem dos resíduos adiante. Conforme o secretário de Infraestrutura e Serviços Urbanos de Cachoeirinha, a intenção inicial é triturá-las e reciclá-las em outros locais.

Questionado sobre os trabalhos de remoção do material ainda não terem iniciado, apesar das promessas, Pereira justificou que também há todo o cuidado para que tal situação não configure um “crime ambiental”, segundo descreveu. “Em uma obra destas, você precisa mapear as limitações para saber o terreno efetivo da intervenção. Não é que o trabalho não começou; ele é precedido pela delimitação das divisas e mensuração da área”. A hipótese mais provável é de que o lixo tenha se originado dos arroios que deságuam no Gravataí, como o Feijó, em Alvorada.

Na quinta-feira, o prefeito de Cachoeirinha, Cristian Wasem, esteve reunido em Porto Alegre com representantes da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos da Capital (SMSUrb) e Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), a fim de pedir auxílio à Capital. No encontro, a Administração de Cachoeirinha ouviu o que precisava encaminhar de documentações para solicitar formalmente este apoio, para depois o tema ser analisado pelos corpos técnico e jurídico da Prefeitura de Porto Alegre.

“Estamos à disposição para auxiliar dentro do que for possível”, disse o titular da SMSUrb, Marcos Felipi Garcia. Já o prefeito Wasem afirmou que este envolvimento das demais Prefeituras “ainda não é necessário por enquanto”. “Agora é seguir os trabalhos e concluí-los com sucesso. Montando as ideias com o DMLU dos dois municípios, Cachoeirinha e Porto Alegre, vimos que tínhamos condições técnicas de resolver o assunto internamente. Vamos com esta responsabilidade”, afirmou o chefe do Executivo de Cachoeirinha.

No encontro, os representantes da Prefeitura de Porto Alegre disseram ainda que o processo deve ser coordenado pelo governo do Estado, já que há gestão compartilhada de resíduos e o envolvimento de diversos municípios. Também o Gravataí deságua diretamente no Guaíba. O assunto também foi tratado na coletiva de imprensa na qual o governo do Estado anunciou ações para o combate à estiagem, nesta sexta-feira.

O secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, não comentou diretamente sobre a questão, mas salientou que programas como o de revitalização de bacias, no qual R$ 5 milhões estão sendo investidos para recuperar a mata ciliar de rios, por exemplo, contemplam tais cuidados com os cursos d’água. “Onde você tem grandes aglomerados urbanos, e a Região Metropolitana não é diferente disto, a participação do poder público tende a ser maior. A participação do município é importantíssima e o Estado dando suporte naquilo que ele necessita”, afirmou.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895