Lojas de caça e pesca no Vale do Sinos não têm mais macacões e itens para enfrentar enchente

Lojas de caça e pesca no Vale do Sinos não têm mais macacões e itens para enfrentar enchente

Produtos como pantaneiras também estão em falta, pois fornecedores perderam estoque pela água

Felipe Faleiro

Proprietária de loja do ramo, Mara Ouriques diz que também quase não há mais coletes à venda

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O reflexo da enchente devastadora no Rio Grande do Sul também é verificado em lojas de artigos de caça e pesca, que em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, assim como em grande parte dos municípios da região, já não têm mais à venda itens a exemplo de macacões e pantaneiras, e o estoque também já é escasso em botas e remos. A reportagem visitou três estabelecimentos do gênero na manhã desta terça-feira.

Além da alta procura, as duas maiores empresas fornecedoras destes produtos, ambas localizadas em São Leopoldo, perderam seus estoques devido aos alagamentos. Em uma loja do Centro, Douglas Conrado Ramos, morador do bairro Santos Dumont, um dos mais afetados pela água em São Leopoldo, conseguiu adquirir um colete e uma lanterna.

"Lá está embaixo d'água. Eu moro em uma casa em cima, meu irmão embaixo. Comprei para ficar sempre cuidando. Isto aqui com certeza será útil. Algo que não previa, mas necessitei", contou ele, cujo pai foi pescador e conhecia o local. O comércio em si tem lista de espera, e suspendeu as vendas em seu site pois as outras duas unidades de Canoas foram inundadas. Em outro estabelecimento, no Jardim Mauá, a proprietária Patricia Ouriques disse que a loja havia recebido há uma semana a coleção de inverno, mas que todo o estoque já foi comercializado.

"Sexta-feira à noite já não tinham mais macacões. Sábado foram vendidas as pantaneiras, que são as calças com botas junto. Nosso telefone não para o tempo todo, de pessoas ligando para saber de produtos. Teve gente que saiu chorando, e tudo o que podemos fazer ao nosso alcance, estamos fazendo. Demos alguns descontos para clientes que afirmaram estar indo ajudar, e pedimos também doações. O que foi possível doar, doamos, e outros fizemos a preço de custo", afirmou ela.

Em uma terceira unidade, a proprietária Mara Ouriques relatou que nunca havia visto um movimento tão grande para buscar estes itens como nos últimos dias. "Estamos orientando que talvez haja no litoral, ou em Santa Catarina. Até colocamos no Instagram, se alguém quisesse doar, para repassarmos a quem está precisando", disse ela. Em todos os casos, ainda há unidades, por exemplo, de botas simples e coletes homologados pela Marinha, mas também nestes casos, há poucas unidades à disposição.


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