Mãe é resgatada de bote com bebê de colo e mais três filhos pequenos após pátio alagar em Porto Alegre

Mãe é resgatada de bote com bebê de colo e mais três filhos pequenos após pátio alagar em Porto Alegre

Ocorrência foi no bairro Hípica, onde chuva fez subir nível de arroio, exigindo atenção dos Bombeiros e Defesa Civil

Felipe Faleiro

Leopoldina, à frente, também resgatada, contou também que tem problemas cardíacos, e ficou assustada com o alagamento

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Os prejuízos em Porto Alegre causados pelo temporal contínuo desta terça-feira estiveram presentes em toda a cidade, com nove locais com bloqueios por quedas de árvores, além de dez com acúmulo de água, seis semáforos fora de operação por falta de energia e quatro em amarelo piscante, de acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Ao todo, a Defesa Civil Municipal atendeu a 11 ocorrências nas 12 horas anteriores a hoje pela manhã. Oito delas tinham relação a alagamentos, uma com risco de desabamento de muro e uma de deslizamento.

Os bairros mais afetados foram Santa Maria Goretti e São Sebastião, na Zona Norte, e Ipanema, na Zona Sul. No Extremo Sul da Capital, a situação foi preocupante para quatro famílias dos bairros Ponta Grossa e Hípica, que precisaram ser resgatadas com botes do 5º Batalhão de Bombeiros Militar (5º BBM), do bairro Belém Novo. Entre elas, a dona de casa Joice Moreira Carvalho foi retirada de sua casa, na rua Dorival Castilhos Machado, onde a água já estava entrando com ela, mais quatro filhos pequenos dentro, entre eles uma bebê de apenas três meses. Os demais têm 10, 9 e 3 anos.

“É bem difícil, toda vez que chove acontece isso. A gente estava dentro do pátio, e não tinha como ficar com as crianças”, disse ela, enquanto ficava abrigada com os filhos, mais a sogra, a pensionista Leopoldina de Brito, que vive no mesmo terreno e tem problemas cardíacos. “Meu marido também teve de sair abaixo de chuva, e meu filho foi trabalhar. Agora, vamos para a casa da minha filha, na Cidade Baixa, só que ir com tudo isto vai ser complicado. Deixamos todos os bichinhos em casa, mas o que se vai fazer?”, relatou Leopoldina.

A família estava ao lado de diversas mochilas e bolsas com roupas para as crianças, resgatadas de casa antes da saída. Na rua Túnel Verde, na Ponta Grossa, a água do Arroio do Salso já havia subido por volta de 1,5 metro no final da manhã, invadindo pátios. De quatro a cinco famílias aguardavam ser removidas do local, mas os Bombeiros ainda não haviam comparecido. “Estamos desde 3h acompanhando a situação, e sabemos que há famílias sempre atingidas aqui. Hoje, foi uma quantidade de chuva fora do normal”, disse o subprefeito do Extremo Sul, Leandro Ferreira Annes, que estava na região, assim como agentes da Defesa Civil.

De acordo com eles, algumas famílias resgatadas foram encaminhadas à sede da Associação Recreativa dos Correios do RS (Arco/RS), na estrada Retiro da Ponta Grossa, até terem condições de voltarem para casa. No entanto, muitas optavam por não sair, temendo saques. Na rua Dona Laura, bairro Rio Branco, a queda de um vegetal sobre a via trouxe transtornos aos motoristas e comerciantes próximos. Equipes do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) trabalhavam na remoção de galhos e outros materiais.

Na metade da manhã, o serviço estava praticamente concluído. Uma bicicleta sem uso, que ornamentava uma pequena lancheria em frente, e ficava escorada nesta árvore, foi danificada pela queda da mesma. Já na rua Dr. Voltaire Pires, bairro Santo Antônio, houve a queda de mais uma árvore, arrancada pela raiz, por sobre a fiação elétrica. Moradores ficaram sem energia elétrica até a chegada da CEEE Grupo Equatorial, no meio da manhã.

Os galhos também foram removidos da via, permitindo a circulação de ônibus e outros veículos já por volta das 10h. Sete colégios da rede municipal tiveram impossibilidade de atendimento, inclusive nas ilhas. No começo da tarde de hoje, o nível do Guaíba no Cais Mauá, no Centro Histórico, alcançou 1,35 metro, com tendência de estabilidade, após chegar ao máximo de 1,40 metro no começo da manhã. Contudo, a situação requer atenção, devido ao nível dos rios que desembocam no estuário em Porto Alegre ser também alto. A cota de cheia no Guaíba neste local é 1,80 metro, e de alagamento no Arquipélago, 2 metros.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895