Médicos credenciados do IPE Saúde paralisam atividades e pedem reajuste

Médicos credenciados do IPE Saúde paralisam atividades e pedem reajuste

Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) afirma que a tabela de honorários não é atualizada há 12 anos

Felipe Samuel

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Insatisfeitos com a falta de reajuste pelos procedimentos realizados em hospitais, médicos credenciados do Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do RS (IPE-Saúde) iniciaram nesta segunda-feira paralisação de atendimentos eletivos no Rio Grande do Sul. Apesar do protesto, procedimentos de urgência e emergência foram mantidos. Conforme o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), a tabela de honorários médicos praticada pelo IPE Saúde não é atualizada há 12 anos.

O vice-presidente do Simers, Marcelo Matias, afirma que a mobilização visa chamar atenção para a defasagem dos valores pagos aos médicos credenciados e a necessidade de uma reformulação que “torne o IPE viável”. Matias explica que a entidade deve fazer um levantamento da paralisação final do dia, mas garante que serviços ambulatoriais foram afetados. Ele argumenta que os médicos precisam ser valorizados. “A categoria precisa de um olhar diferenciado do governo do Estado”, avalia. 

Matias afirma que o governo do Estado precisa apresentar medidas efetivas que modifiquem a relação que o IPE tem com os médicos. “A longo prazo, a forma pela qual o instituto é formatado vai levar à falência em algum momento”, completa. No site do Simers, os médicos podem optar por aderir às opções de descredenciamento e licenciamento. “Alguns indivíduos fizeram o descredenciamento, numa prova de que não têm mais fé na possibilidade do instituto se tornar viável”, observa.

O diretor-presidente do IPE Saúde, Bruno Jatene, avalia que a paralisação não é um movimento unânime entre os médicos. “Em março, tivemos 250 mil consultas em todo o sistema IPE Saúde, e tem se mantido de algum modo regular. Estamos acompanhando o movimento e não está muito diferente do que a gente tem em outros momentos. É claro que a gente está falando de uma situação de suspensão de atendimento eletivos. Então cada médico faz a sua agenda”, destaca.

Como a paralisação vai durar até quarta-feira, Jatene explica que os efeitos são, por ora, incipientes. “Aparentemente não há grandes impactos, isso não significa que a gente vá deixar de fazer monitoramento e buscar orientar o nosso usuário em relação a estar buscando outras alternativas, como é o próprio caso do guia médico, onde a pessoa pode entrar no site do IPE e ver outras opções de médicos eventualmente se tiver havido alguma suspensão ou reagendamento”, explica.

Uma nova reunião com a Casa Civil deve ocorrer no dia 12 de abril, quando a categoria médica aguarda um posicionamento sobre a reestruturação da autarquia. “As entidades estão sabendo que o que nós estamos fazendo nesse momento é exatamente um pacote grande de mudanças”, justifica. De acordo com Jatene, o IPE Saúde paga R$ 90,00 por uma consulta médica para um médico pessoa jurídica. “A média de mercado varia mas fica em torno de R$ 120,00. Então não há uma diferença tão grande em relação a esses valores que pagamos”, frisa.

Conforme Jatene, o IPE Saúde avalia alternativas para resolver a falta de reajuste dos honorários. “A gente está trabalhando em cima de uma adequação dos honorários dentro da capacidade orçamentária que o IPE saúde tem ou o que terá”, observa. E destaca a necessidade de implantar um modelo de financiamento para o IPE Saúde. “Ainda é um plano de assistência à saúde que se encontra deficitário e precisa ter uma correção nesse ponto exatamente para poder viabilizar as medidas de reestruturação em outros setores”, afirma.

Atualmente, o IPE Saúde tem 6,4 mil médicos conveniados. “Muito se fala em descredenciamento em massa, mas não é verdade. Tivemos nos últimos 60 dias um volume de um pouco mais de 100 médicos que solicitaram descredenciamento. Não estamos falando nem de 2% da quantidade de médicos que solicitaram descredenciamento, mas estamos logicamente atentos se eventualmente alguma região ficou um pouco mais desassistida em termos de médicos. E ao mesmo tempo que temos solicitação de descredenciamento continuamos recebendo solicitação de credenciamento”, reforça. 

Como parte do processo de reestruturação, Jatene observa que a dívida do IPE Saúde passou de R$ 650 milhões, no ano passado, para R$ 250 milhões este ano. “Houve uma redução de quase R$ 400 milhões. O trabalho está sendo bem conduzido, inclusive para a gente poder reformular o que tem que reformular, inclusive com a melhoria dessa relação com os profissionais médicos”, sustenta.


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