Maioria no STF decide pela proibição da pesca de arrasto na faixa litorânea do Rio Grande do Sul

Maioria no STF decide pela proibição da pesca de arrasto na faixa litorânea do Rio Grande do Sul

Discussão chegou a nível federal após partido contestar lei aprovada na Assembleia Legislativa do RS

Kyane Sutelo

Decisão é válida para o litoral gaúcho, referente à pesca de arrasto.

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Está proibida a pesca industrial de arrasto na faixa litorânea gaúcha de até 12 milhas náuticas, 23 quilômetros. O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos, por 7 a 1, nesta sexta-feira, para rejeitar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6218, que pretendia tornar inconstitucional a lei gaúcha que vetou esse tipo de pesca na faixa do litoral.

A pesca de arrasto utiliza grandes redes puxadas por um barco motorizado para fazerem uma varredura no fundo do mar. A modalidade é criticada por ambientalistas por capturar espécies antes da maturidade para reprodução.

A lei 15.223/2018 que proíbe a pesca de arrasto na faixa litorânea gaúcha de até 12 milhas náuticas foi aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa. No entanto, o Partido Liberal (PL) moveu uma ação questionando a constitucionalidade da lei, com o argumento de que o estado só poderia legislar sobre as águas superficiais ou subterrâneas presentes no território. 

A decisão no STF

O STF começou a julgar o caso em 23 de junho e o ministro relator Kassio Nunes Marques votou a favor da pesca de arrasto, pela inconstitucionalidade da lei gaúcha. “Não se pode admitir que lei estadual usurpe a competência legislativa da União e acabe por disciplinar questão de forma contrária à norma geral”, escreveu o relator. 

A ministra Rosa Weber, presidente do STF, divergiu do relator, considerando constitucional a proibição da pesca de arrasto litorânea. “Trata-se de confusão entre conceitos de direito internacional e interno. Entre a União e o Estado gaúcho não existe hierarquia, subordinação ou dependência, mas apenas autonomia”, avaliou a ministra.

Acompanharam o voto de Rosa Weber os ministros Roberto Barroso, Edson Fachin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Até a publicação desta matéria, não haviam votado os ministros Alexandre de Moraes e André Mendonça, mas a maioria foi alcançada.

Defensores da pesca artesanal consideram vitória

“Uma média de 14 mil famílias são beneficiadas com esta lei, que protege a pesca artesanal e garante a sustentabilidade”, avaliou o presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Pesqueiro da Assembleia Legislativa gaúcha, deputado estadual Zé Nunes (PT).

Ambientalistas também celebraram. “A vitória é múltipla: do meio ambiente, da cadeia produtiva da pesca artesanal e da sociedade civil organizada”, disse o diretor-geral da Oceana, o oceanólogo Ademilson Zamboni.


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