Manifestação ocupa prédio da prefeitura no Centro Histórico de Porto Alegre

Manifestação ocupa prédio da prefeitura no Centro Histórico de Porto Alegre

Movimento de Mulheres Olga Benario pede suspensão do pedido de reintegração de posse de edifício localizado na zona Norte da Capital

Felipe Samuel

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Representantes do Movimento de Mulheres Olga Benario, responsável pela gestão da Casa de Referência Mulheres Mirabal, ocupam o primeiro andar do prédio da prefeitura de Porto Alegre, na rua General João Manoel, no Centro Histórico. A reivindicação do movimento é pela suspensão do pedido de reintegração de posse do edifício que abriga a escola Benjamin Constant, localizada na rua Souza Reis, na Zona Norte. Há quatro anos, o local oferece serviço de acolhimento e abrigamento de mulheres em situação de violência do Estado.

No dia 28 de setembro, o julgamento da reintegração de posse movida pela Prefeitura de Porto Alegre sobre o imóvel onde está assentada a Casa de Referência Mulheres Mirabal foi adiado e não tem nova data para acontecer.

Os secretários de Desenvolvimento Social, Léo Voigt, e de Segurança, Mário Ikeda, se reuniram com os manifestantes e prometeram que o prefeito Sebastião Melo irá recebê-los às 15h, com a condição do fim da invasão. Uma faixa foi estendida na porta. Policiais militares e agentes da Guarda Municipal cercam a região, mas o clima é tranquilo.

Coordenadora da Casa de Referência Mulheres Mirabal, Nana Sanches destaca que uma nova audiência será realizada no fim do mês. “Queremos dialogar para acabar com o processo de reintegração de posse, garantir a nossa regularização e garantir um local para a gente seguir o nosso trabalho. Essas são as três pautas que a gente está trazendo hoje, por isso que a gente está ocupando aqui o prédio administrativo da prefeitura”, afirma. Segundo Nana, a nova audiência é decisiva para o movimento. “Buscamos diálogo com a prefeitura, mas as conversas não têm resolvido nada”, completa.

Pelas redes sociais, Melo se manifestou sobre a ação, criticando a atitude dos manifestantes, afirmando que “não é assim que se faz política nem se constrói soluções". Durante a ocupação, o fluxo de funcionários no prédio não foi interrompido. A Procuradoria-Geral do Município (PGM) esclarece que o imóvel é de propriedade do Município de Porto Alegre e havia sido cedido ao Estado do Rio Grande do Sul para a construção de uma escola. A PGM reforça que a edificação foi uma benfeitoria feita pelo Estado no imóvel. Isso quer dizer que o Estado teve a posse do imóvel por um período, mas nunca a propriedade.

Conforme a PGM, a cessão de qualquer imóvel público a outro ente, público ou privado, ou mesmo a pessoa física, sempre é feita por meio de instrumento jurídico precário, ou seja, o proprietário pode requerer a posse do imóvel de volta a qualquer tempo, independente da execução de benfeitorias. Sobre o “alegado acordo feito com o município” para a destinação do imóvel à Ocupação Mirabal, a PGM informa que o município nunca formalizou acordo nesse sentido.


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