Manifestantes protestam contra tubulação de esgoto com final da rede no Rio Tramandaí

Manifestantes protestam contra tubulação de esgoto com final da rede no Rio Tramandaí

Corsan diz não haver risco de contaminação

Correio do Povo

Manifestantes protestaram contra lançamento de mais despejos no Rio Tramandaí

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Moradores de Imbé protestaram, neste sábado, contra a nova tubulação da Corsan que começou a ser instalada no último dia 25 de março, em Xangri-Lá. Eles afirmam que a instalação vai contaminar o Rio Tramandaí com mais dejetos. A companhia, por sua vez, garante que o lançamento no final da rede será do esgoto já tratado, sem risco de contaminação. Já o prefeito do município, disse que o ato teve motivações político-ideológicas.

O protesto foi organizado pelo Movimento Unificado em Defesa do Litoral Norte, com apoio da Associação Comunitária de Imbé-Braço Morto (ACIBM). De acordo com os participantes, o lançamento dos dejetos iria agravar ainda mais a poluição no Rio Tramandaí, que já é destino de esgotos e de pesticidas usados em lavouras.

Na versão deles, o projeto da nova tubulação aumentaria riscos a cardumes e ao abastecimento de água potável. Outro temor seria a ameaça para pesca comunitária, que ocorre quando há interação entre pescadores e botos na captura de tainhas.

"O intuito da manifestação foi exigir esclarecimentos e denunciar a decisão de despejar o esgoto tratado de Xangri-Lá no Rio Tramandaí. Não está claro como ocorre o tratamento, sabemos que é um processo que tem produtos químicos. Além disso, entendemos que há outros métodos, como dutos da Transpetro que levam os dejetos para alto-mar", destacou o vice-presidente da ACIBM, Alvaro Nicotti.

O prefeito de Imbé, Luis Henrique Vedovato, preferiu não se envolver na questão. Ele classificou a manifestação como ato político. "O protesto ocorreu após um ex-funcionário da Corsan se sentir prejudicado e decidir fazer publicações sem embasamento nas redes sociais. Os manifestantes fazem parte de um grupo contrário a privatizações em geral, essa é questão", resumiu.

Segundo a Corsan, a tubulação instalada em Xangri-Lá levará para lançamento no final da rede, no Rio Tramandaí, o esgoto já totalmente tratado. A companhia afirma que os efluentes serão transportados com eficiência acima de 95%, o que elimina o risco de contaminação.

Ainda de acordo com a Corsan, a definição do Rio Tramandaí como destino final dos efluentes, depois de tratados, foi embasada em estudos técnicos, possui licenciamento aprovado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e está de acordo com a legislação vigente. O texto enfatiza ainda que, quando a nova tubulação entrar em funcionamento, a partir de novembro, as amostras dos efluentes tratados serão analisadas regularmente pela Fepam.
Leia a nota da Corsan

A Corsan esclarece que a nova tubulação (denominada emissário) que começou a ser instalada no último dia 25 de março, em Xangri-Lá, levará para lançamento no final da rede, no rio Tramandaí, o esgoto já totalmente tratado. Os efluentes serão transportados a partir da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) II, com eficiência acima de 95%, o que elimina o risco de contaminação.

A estação dispõe das tecnologias mais modernas e eficientes, opera 24 horas por dia e é monitorada permanentemente, à distância e em tempo real, pelo Centro de Operações Integradas (COI) mantido pela Companhia.

A definição do rio Tramandaí como destino final dos efluentes, depois de tratados, foi embasada em estudos técnicos, possui licenciamento aprovado pela Fepam e está de acordo com a legislação vigente. Quando a nova tubulação entrar em funcionamento, a partir de novembro, as amostras dos efluentes tratados serão analisadas regularmente pela Fepam.

Atualmente, depois de ser tratado na ETE II, o esgoto é conduzido para bacias de infiltração (uma espécie de piscinas), onde é filtrado pelo solo e evaporado. Com a nova tubulação, ampliação do sistema de esgotamento sanitário na região e o licenciamento ambiental gradativo, será possível tratar um volume muito maior de efluentes, para que não sejam lançados em mananciais sem o devido tratamento. Isso trará melhorias para a saúde pública e o meio ambiente e mais qualidade de vida à população e aos veranistas do Litoral Norte.

Esta obra, orçada em R$ 21 milhões, está entre os grandes investimentos projetados pela Corsan - desde que passou a ser controlada pela Aegea, em junho de 2023 – para ampliar e fortalecer o saneamento básico no Litoral Norte, especialmente no que diz respeito ao esgotamento sanitário.

Somente de janeiro a abril deste ano, já foram investidos R$ 13 milhões na região. Mais de R$ 550 milhões serão destinados a projetos de tratamento de esgoto, combate ao desabastecimento, recuperação ambiental e redução de perdas de água. Já neste ano, deverão ser aplicados R$ 84 milhões. Deste valor, 95% serão para obras de esgotamento sanitário.

Todos os projetos da Corsan – tanto para abastecimento de água como para coleta e tratamento de esgoto – estão direcionados à universalização do saneamento básico previsto pelo Marco Legal do Saneamento. Até 2033, 99% da população deverá ter acesso à água potável e 90%, à coleta e ao tratamento de esgoto. Para alcançar esta meta nos 317 municípios que atende no Rio Grande do Sul, a Corsan planeja investir R$ 1,5 bilhão por ano até lá.


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