Mau cheiro incomoda moradores em torno do píer onde lixo é retirado do rio Gravataí

Mau cheiro incomoda moradores em torno do píer onde lixo é retirado do rio Gravataí

Prefeitura de Cachoeirinha reconhece o problema, mas diz que está atuando rapidamente para remover material da área

Felipe Faleiro

Área do píer da Praça do Ecoturismo recebe primeiros materiais sólidos removidos do Gravataí

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O pátio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Urbanos é o local montado pela Prefeitura de Cachoeirinha para receber as plantas aquáticas retiradas no rio Gravataí desde o final do mês passado. De lá para cá, a Administração afirma ter recebido cerca de 25 cargas de materiais, mas não estima o peso delas. As macrófitas, como também são denominadas, estão sendo deixadas para secagem natural em um espaço montado temporariamente na área de manobra de caminhões, cuja licença ambiental está em dia, conforme a secretaria.

Depois que é seco, o material é encaminhado ao aterro de podas, em Gravataí, enquanto o restante do lixo vai para o aterro da CRVR, em São Leopoldo, para onde já é encaminhado o lixo domiciliar. “Todas estas macrófitas provêm de antes da ilha de resíduos. Onde ocorre a secagem, há uma espécie de trincheiras. O que está no píer tem pouco valor econômico agregado, então está indo diretamente ao aterro sanitário. É uma segunda fase”, explicou o engenheiro ambiental da Prefeitura, Felipe Vargas e Silva.

De acordo com ele, a Prefeitura solicitou um laudo à Universidade de Passo Fundo (UPF), a fim de buscar entender o que pode ser feito com as macrófitas. “Nosso desejo é que sejam utilizadas para compostagem”, relatou o engenheiro, citando o Projeto Semear, que autoriza agricultores urbanos de Cachoeirinha a produzir alimentos em pequenos lotes junto às redes de alta-tensão. No entanto, é preciso saber se o material está contaminado, assunto que é o objeto do estudo. O resultado deve sair nas próximas semanas.

Parte das macrófitas depositadas no pátio da secretaria ainda está úmida, o que gera um odor característico de “couve podre”, como descreveu Silva, além da circulação de quero-queros, que aproveitam para se alimentar de animais menores. No entanto, no píer da Praça do Ecoturismo, as plantas recém-retiradas da água, misturadas ao lixo e aos resíduos orgânicos no Gravataí provocam ardores no nariz e consequente incômodo aos moradores.

“Está bem difícil. Moro aqui há cerca de 50 anos e, se você vier aqui em qualquer momento, principalmente no inverno, pode ver lixo circulando e seguindo adiante”, afirmou o aposentado Eliseu Bottin, que vive a 50 metros do píer. Nesta manhã, ele passou pelo local da retirada dos lixos, a fim de observar os trabalhos. A Prefeitura, por sua vez, reconhece que este é um ônus dos serviços realizados pela FDM Engenharia, contratada para o serviço de remoção, e que eles estão sendo feitos o mais rapidamente possível, a fim de reduzir os inconvenientes.

A empresa concorda com o posicionamento. “Entendemos que há o cheiro forte, mas está sendo tudo bem organizado pelas equipes”, observou o prefeito Cristian Wasem, nesta quinta, no píer. Ainda com a falta de chuvas e a estiagem persistente, todos os principais rios da Região Metropolitana apresentaram outra vez queda hoje. No Gravataí, a régua de medição do Balneário Passo das Canoas, em Gravataí, mantida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), registrou no início da manhã 1,70 metro, e a marca em Alvorada foi de 1,69 metro, na Estação de Tratamento de Água (ETA) da Corsan. 

Na quinta-feira, no Guaíba, a marca da régua do Cais Mauá, no Centro Histórico de Porto Alegre, foi de 44 centímetros, enquanto no terminal hidroviário da CatSul, em Guaíba, foram registrados 43 centímetros. No trapiche da Praia da Pedreira, dentro do Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, apenas 13 centímetros. Já na bacia do rio dos Sinos, a medição da Agência Nacional de Águas (ANA) em Campo Bom foi de 1,39 metro, enquanto no Centro de São Leopoldo, foram marcados 67 centímetros. Na foz do rio Paranhana, em Taquara, o registro foi de 52 centímetros. Em Novo Hamburgo, a aferição da Companhia Municipal de Saneamento (Comusa) exibiu 2,33 metros.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895