Menino de 13 anos relata como ajudou vizinhos e bombeiro ferido em explosão de prédio em Porto Alegre
Adryan Matheus Santos da Silva correu de porta em porta para avisar sobre vazamento de gás
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Há ao menos uma história de alento nesta noite de pânico vivida pelos moradores do Rubem Berta. E ela vem de Adryan Matheus Santos da Silva, um menino de apenas 13 anos e que apesar da pouca idade, já exercita uma coragem digna de poucos adultos.
Instantes antes da explosão, o garoto, que mora numa torre vizinha a que acabou destruída, percebeu o cheiro de gás. Sem ligar as luzes, alertou a mãe e a irmã, que já estavam deitadas e na sequência, foi batendo de porta em porta para avisar os vizinhos de bloco. “Ouvi elas (mãe e irmã) falando do cheiro do gás. Depois que conseguimos sair (do prédio) eu subi umas sete torres, do primeiro ao quinto andar, batendo nas portas, porque parecia uma emergência”, contou.
A expressão tranquila de Adryan Matheus ao conversar com a imprensa na manhã desta quinta-feira não demonstravam os sinais do perigo enfrentado na madrugada anterior. E embora as palavras pronunciadas de forma pausada, ao narrar os acontecimentos, o garoto deu a dimensão exata do que vivenciou. “Eu estava saindo do meu bloco e quando cheguei no primeiro andar, aconteceu a explosão”, recorda.
O menino revela que a primeira reação foi correr para baixo da escada, mas que ainda assim, sofreu um corte no abdômen. “Voou muito vidro, a porta estourou, coloquei as mãos nos ouvidos e abaixei a cabeça entre as pernas”, diz.
Ao sair para a rua, Adryan percebeu um dos bombeiros caído ao chão em frente ao bloco 10, onde ocorreu a explosão. De pronto, ao perceber que o soldado estava ferido, foi até ele e o carregou para longe. “Ele sangrava, o ajudei a ir até um banco que tem aqui na pracinha, até que os paramédicos ajudaram”, detalha.
Mas quem pensa que a história de coragem do adolescente se encerrou no resgate do bombeiro, se engana. A preocupação de Adryan agora é saber como estão a gata de estimação da família, que acabou de dar à luz quatro filhotinhos. Como o condomínio inteiro está interditado, o menino espera ansiosamente que algum agente de segurança vá até o apartamento em que mora realizar o resgate.
E pode ser que o jovem até se interesse pela carreira de bombeiro no futuro. Nas palavras dele, nunca havia imaginado trabalhar com resgates, mas revela um interesse especial pelo ofício a partir do acontecimento. “Na hora eu só pensei em ajudar”, conta.
Independente da escolha, a mãe do menino, a dona de casa Daiane Santos da Silva, não esconde a alegria. “Apesar de toda esta tragédia, estou orgulhosa que o Adryan pode fazer a diferença”, completou.