Mercado e clínica para idosos são prejudicados pela falta de luz há seis dias no bairro Nonoai

Mercado e clínica para idosos são prejudicados pela falta de luz há seis dias no bairro Nonoai

Moradores e frequentadores da Travessa Fortaleza, em Porto Alegre, relatam indignação com a situação

Felipe Faleiro

Elisete, proprietária da clínica, precisa improvisar para atender aos 20 idosos

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A CEEE Grupo Equatorial informou nesta segunda-feira ter restabelecido a energia elétrica para 98,5% dos clientes de sua área de concessão no Rio Grande do Sul, mas, para os moradores da Travessa Fortaleza, bairro Nonoai, na zona Sul de Porto Alegre, esta é ainda uma realidade inexistente. A queda de uma árvore sobre um poste durante o temporal de terça para quarta-feira da semana passada arrebentou a fiação e danificou de maneira permanente um transformador de energia.

Desde então, eles contavam seis dias sem luz e uma indignação imensurável, somada a falta de perspectiva para o retorno. Praticamente toda composta por residências, a via conta ainda com um pequeno mercado, que precisou jogar fora todos os itens de geladeira e apenas funcionava com vendas manuais, e um residencial com 20 idosos, cuja única fonte de energia, e ainda de forma precária, é uma instalação temporária feita por um vizinho. Mas não está sendo suficiente, e os idosos convivem no escuro e sem ventilação.

“Estamos sofrendo angustiados. Em outras situações, como no banho, nós improvisamos. Não adiantar eles virem com camionetes e equipes, se não farão a troca”, comentou uma das proprietárias da clínica, Elisete Ferreira da Silva. Segundo os moradores, as equipes da distribuidora de energia estiveram seis vezes na rua, tiraram diversas fotografias e foram embora na sequência. Após a queda da árvore, os próprios moradores se mobilizaram e ao menos removeram o vegetal da travessa, uma das que chegou a ficar bloqueada na Capital.

O proprietário do mercado, Michel Marchesi, disse que os prejuízos para seu estabelecimento são incontáveis, e que a situação tem desmotivado os clientes, que saem sem comprar, e os próprios funcionários. “Não tem luz para uma bateria, uma maquininha, nada. Sem contar que as ruas ao redor estão todas com energia elétrica, e somente aqui não. As pessoas estão todas aqui malucas, sem entender nada. Na hora de pagar os boletos, eles (CEEE Grupo Equatorial) não vão querer saber”, lamentou ele.

Outra moradora da área, a professora e produtora cultural Lisiane Vianna, afirmou que a mobilização havia surgido de maneira espontânea. Ela também criticou a ação do prefeito Sebastião Melo de solicitar o auxílio de moradores com motosserras para ajudar a liberar vias e no trabalho em geral das equipes da Prefeitura. “A água retornou mesmo na última quinta-feira, mas que país é este, em que não estamos equipados para caso ocorra uma tragédia? A Defesa Civil e os Bombeiros também não auxiliam”, questionou ela. Hoje pela manhã, os três moradores foram juntos até a central da distribuidora, porém saíram de lá apenas com mais um protocolo, sem previsão para o restabelecimento.


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