Mercado para solteiros ganha força no Dia dos Namorados

Mercado para solteiros ganha força no Dia dos Namorados

O percentual de domicílios com apenas um morador cresceu de 7,28% para 7,76% no Rio Grande do Sul

Camila Pessôa

Supermercados percebem diversificação dos itens procurados

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Neste sábado (10), Porto Alegre foi uma das três capitais do Brasil - além de São Paulo e Rio de Janeiro - escolhida para abrigar a Match Party, festa idealizada pelo aplicativo de namoros holandês Inner Circle. Entre os atrativos do evento estão correio elegante e adesivos divertidos para identificar os participantes do evento. 

O pano de fundo é claro: encontrar um parceiro, nem que seja apenas por uma noite. “A gente pensou: vamos fazer algo para a galera que está solteira que tem aquela dorzinha de cotovelo, de querer fazer alguma coisa no dia dos namorados também”, conta Isadora Mello, gerente de marketing do Espaço Brava, local que organizou a Match Party, em parceria com o site Quarto POA. 

Isadora constatou uma procura maior pelo evento do que a média das festas do Brava, movimento que se repete para a Trip Acampamento dos Solteiros, da agência de viagens Trip da Criss, também realizada em 10 de junho. A trip dos solteiros é mais procurada que o passeio para os namorados e tem uma parcela de público que busca um parceiro em potencial, de acordo com a proprietária da agência, Cristini Fagundes Stasiak. 

O destino da viagem é surpresa e a programação inclui brincadeiras e lual. “Fazemos uma no ano, mas a procura é grande, está maior que no ano passado. Já locamos dois ônibus e estamos no terceiro”, comenta Cristini. Ela também observa que o número de solteiros fazendo viagens em geral tem aumentado. “Geralmente a maioria das pessoas que viajam são solteiras, casais não viajam tanto”, conta.

Essa tendência a um aumento da popularidade de serviços e produtos voltados a solteiros também pode ser observada nas imobiliárias. Em 2022, o percentual de domicílios com apenas um morador cresceu de 7,28% para 7,76% no Rio Grande do Sul, maior número da série histórica do IBGE, que começou em 2012, quando 575 mil domicílios com essa característica, contra 892 mil no ano passado, o que representa um crescimento de 55,01%.

“Observa-se não somente um aumento no número de pessoas morando sozinhas, mas também as famílias ficaram menores, o que aumenta a procura por locais mais compactos”, afirma o departamento de estatística do Sindicato da Habitação do Rio Grande do Sul (Secovi/RS), em nota para o Correio do Povo. 

A oferta de imóveis pequenos, no formato JK (ou quitinete) baixou de 807 em 2022 para 505 em 2023, o que representa uma queda de 37,44%. Essa queda está diretamente relacionada com um aumento de demanda por esse tipo de imóvel, majoritariamente locado para apenas uma pessoa, de acordo com o Secovi. 

O sindicato também avalia que o número de imóveis alugados por apenas uma pessoa deve continuar crescendo, ao considerar o número de divórcios no Estado, que aumentou 21,55% em 2021, com 13.441, comparado com 11.058 no ano de 2020 segundo o IBGE.

Um movimento parecido também é identificado na indústria de supermercados, que tem observado uma diversificação maior nos produtos escolhidos. Isso pode significar não somente um aumento no número de solteiros, mas também na quantidade de pessoas com ocupação e poder de compra num mesmo núcleo familiar, como avalia o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), Antônio Cesa Longo. 

“Eu não vejo tanto o aspecto solteiro ou casado porque, no momento que tu tens renda, a opção é tua, isso diversificou muito o consumo”, diz Longo. “Hoje em dia as pessoas têm a própria marca preferida do biscoito, cerveja, refrigerante…”, relata. Ele também vê a questão como uma oportunidade para outros segmentos, como o de locação, hotéis e deslocamento. 


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