Mesmo com baixa do Sinos, famílias de Canoas estão sem ônibus na Praia do Paquetá

Mesmo com baixa do Sinos, famílias de Canoas estão sem ônibus na Praia do Paquetá

Duas linhas não estão circulando na região, afirmam moradores

Felipe Faleiro

Aline e a filha Maria dependem do transporte coletivo na região do bairro Mato Grande

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Dia após dia, a água baixa aos poucos na Estrada da Prainha, junto à Praia do Paquetá, bairro Mato Grande, em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. No entanto, a presença da enchente em alguns pontos faz com que sigam os prejuízos ao tráfego de pessoas e inclusive ônibus, fato que gera reclamação por parte dos moradores. “Os coletivos não estão vindo para cá. Temos que andar muito para chegar até a faixa e pegá-los”, afirma a dona de casa Aline Vieira dos Santos, 42 anos, que mora em uma residência alta na beira do rio dos Sinos.
 
A casa dela foi uma das que, nesta terça-feira, puderam ser acessadas novamente a pé, em razão da baixa do leito. Aline mora no local com quatro filhos, Raiane, 14, Maria, 10, e os gêmeos Lorenzo e Nicolas, cinco anos. Ao lado, no mesmo terreno, vive outra filha, a vendedora Ariane Vieira dos Santos, 23, mais o namorado e o filho dele. Conforme Aline, a água barrenta, suja e fria já causou doenças à sua família. “Meu esposo colocou os pés nela no primeiro dia, e no dia seguinte passou mal, não pôde trabalhar”, disse ela, se referindo ao pedreiro Rodrigo Lima, 38.
 
Ainda conforme eles, pelo menos duas linhas do transporte coletivo, administradas pela empresa Sogal, não entram na rua desde a passagem do mais recente ciclone. São elas a Centro/Cirne Lima e Paquetá/Centro. Com a baixa do rio, os moradores questionam se eles não poderiam já ingressar na rua, evitando uma caminhada longa. “As crianças estão de férias desde segunda-feira, mas nós precisamos também”, afirma a moradora. Na frente da casa, jazia hoje pela manhã um rato morto, o que amplia a preocupação pela possibilidade de doenças relacionadas ao contato com estes animais.
 
Mais adiante na mesma rua, moram a mãe de Aline, Valderez Santos Maciel, 68 anos, que sofreu recentemente um acidente vascular cerebral (AVC) e a irmã, Janaína Vieira, 45, que cuida da idosa. “Se ela precisar de algum atendimento médico neste período, não vai conseguir, ou os Bombeiros terão de ir de barco”, comenta. Inclusive o trabalho da Defesa Civil tem sido questionado, porque, segundo ela, o serviço entrega itens como alimentos e roupas, mas não até as casas dos moradores. Assim, Aline argumenta que eles precisam se deslocar pela água até chegar às doações.
 
A MetSul Meteorologia comenta que o Sinos está em situação de cheia, e a Prefeitura de Canoas, por meio do Escritório de Resiliência Climática de Canoas (Eclima/Defesa Civil), comentou que, na segunda-feira, o nível do rio estava em 1,85 metro na Praia do Paquetá, ainda com alerta de risco, mas com tendência de diminuição. Em caso de necessidade, famílias das áreas ribeirinhas serão recebidas nos ginásios das escolas Thiago Wurt e Paulo VI. A reportagem não conseguiu contato com a Sogal.
 
Segundo a Defesa Civil da cidade, foi promovida “ação volante no sábado naquela região, com distribuição de roupas, alimentos e outros donativos. São realizadas rondas de monitoramento do nível e a comunidade é alertada”. O órgão afirma, ainda, que “as famílias estão sendo amparadas” e os ginásios das escolas Thiago Wurt e Paulo VI estão preparados e à disposição de eventuais desalojados.
 

Correio do Povo
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