Mesmo com chuva, níveis dos rios da Região Metropolitana seguem abaixo do normal

Mesmo com chuva, níveis dos rios da Região Metropolitana seguem abaixo do normal

Em Porto Alegre, a régua no Cais Mauá apontava redução do nível do Guaíba para 66 centímetros

Felipe Samuel

Ademar destaca a redução do nível do rio dos Sinos, mas critica a poluição das águas

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A chuva que atingiu Porto Alegre e alguns municípios da Região Metropolitana nesta segunda-feira deve amenizar em parte os efeitos da estiagem. Em Alvorada, a marcação da Estação de Tratamento de Água (ETA) da Companhia Estadual de Saneamento (Corsan) registrava 1,65 centímetros, índice que se mantém praticamente o mesmo desde a semana anterior. Em Porto Alegre, a régua no Cais Mauá, no Centro Histórico de Porto Alegre, apontava redução do nível do Guaíba, que baixou de 88 centímetros, ao meio-dia de domingo, para 66 centímetros nesta segunda-feira. 

Também houve reflexos no terminal da CatSul, no município de Guaíba, onde o nível das águas era de 64 centímetros. Em relação à véspera, houve uma queda do nível das águas de 21 centímetros. Em São Leopoldo, na régua da Agência Nacional de Águas (ANA) no Centro de São Leopoldo, o nível do Rio dos Sinos voltou a subir a partir do meio-dia, atingindo 76 centímetros e interrompendo uma queda do nível das águas verificada desde o dia anterior, quando chegou a registrar 1,01 metro. Mesmo com a elevação, o nível das águas segue abaixo do normal.

Em um trecho do Rio dos Sinos em Canoas, na Praia do Paquetá, na estrada da Prainha, muitas pessoas ignoravam o tempo fechado e pescavam com varas artesanais. Moradores afirmam que convivem há anos com os efeitos da estiagem, mas observam que os problemas são mais agudos no nascedouro do rio, onde os reflexos da falta de chuva causam mais problemas. “O rio até não baixou muito aqui, baixou mais lá para cima. Para lá está mais complicado, mas aqui ainda temos uma água estável”, avalia o mecânico aposentado Ademar Zamprogno Neves.

Aos 80 anos, Neves mora há mais de 30 anos na região. Mais do que os problemas por conta da estiagem, Neves explica que a contaminação do Rio se agravou nos últimos tempos. Em função desse cenário, ele abandonou a pesca na região. “A contaminação é triste. Esses dias passou um cara da ambiental e falou para não comer peixes porque estão contaminados”, garante. “O nível do rio não quer dizer nada, mas a contaminação é muito triste. Empresas jogam sujeira lá de cima”, afirma. Apesar do relato, a professora Sandra Margarete Karpinski e o chapeador José Luiz da Silva aproveitavam o último dia de férias na região.

Os dois residem em Sapucaia do Sul e curtiam os últimos dias de férias pescando à beira do Sinos. “É lindo observar o pôr do sol”, afirma Sandra. No final do ano passado, após avaliações da qualidade da água por equipes do Pró-Sinos e da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Luis Roessler (Fepam), a prefeitura instalou placas com sinalização de área imprópria para banho por conta da poluição em função de esgoto doméstico.

Para tentar modificar esse cenário, o governo do Estado deve lançar licitação para elaboração de um estudo comparativo de alternativas para aumento da segurança hídrica na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos. O pedido no certame é para a apresentação de Propostas Técnicas de intervenções estruturais e não estruturais para a regularização de vazões e para o equilíbrio do balanço hídrico da referida bacia hidrográfica e entrega de Projeto Básico da proposta prioritária.

A Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos tem uma área de 3.694 km2, o que corresponde a aproximadamente 1,3% da área do Estado, e abrange 32 municípios com uma população estimada de 1,45 milhão de habitantes. 

 


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