Ministério do Trabalho mantém interdição do aeroporto Salgado Filho durante tempestade de raios

Ministério do Trabalho mantém interdição do aeroporto Salgado Filho durante tempestade de raios

De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho, Fraport Brasil não comprovou segurança dos trabalhadores e a eficiência do sistema de para-raios do aeroporto

Rodrigo Thiel

Restrição para pousos e decolagens no Aeroporto Internacional Salgado Filho durante tempestades de raios ocorre há 8 anos

publicidade

Uma decisão da Coordenação-Geral de Recursos da Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, manteve a interdição do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre durante tempestade de raios que estejam ocorrendo em distância igual ou inferior a 3 km do local. O despacho foi publicado no Diário Oficial da União nesta quinta-feira. A restrição para pousos e decolagens nestas condições no aeroporto iniciou há 8 anos.

Em janeiro deste ano, a Fraport Brasil entrou com pedido administrativo para suspender a interdição, mas não teve êxito no pleito protocolado. De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul, a empresa não conseguiu comprovar a segurança dos trabalhadores na operação de rampa, ou seja, no balizamento da aeronave durante o processo de pouso. O principal ponto ainda em aberto é a eficiência do sistema de para-raios para com as pessoas que trabalham na pista do aeroporto.

Procurada, a Fraport Brasil informou que, até o momento, não teve acesso ao documento da decisão e que, assim que isso for possível, avaliarão o que será feito. Esta interdição em condições de temporais de raios reflete no aumento do tempo de espera dos passageiros dentro da aeronave durante o desembarque. Nesta semana, uma reunião realizada pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre, através da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação (Cuthab), tratou do tema.

Na oportunidade, o vice-presidente de operações da Fraport, Edgar Nogueira, disse que não cabe ao Ministério do Trabalho esse tipo de interdição, por não ter base legal para tal decisão. Segundo ele, apenas em 2023 foram 343 voos afetados, com mais de 43 mil passageiros, chegando a um tempo de espera dentro da aeronave de até quatro horas para o desembarque.

“A aeronave é autorizada para o pouso, mas ela não pode acoplar na ponte, pois, para acoplar na ponte, depende de uma série de interferências de pessoas interagindo com essa aeronave. O balizamento, o calço da aeronave, a aproximação do mecânico, enfim uma série de atividades, que não é da Fraport, mas sim, da companhia aérea”, elencou Nogueira.

O aeroporto Salgado Filho é o único do país a ter esta interdição, que iniciou depois que um funcionário de uma companhia aérea morreu depois de ser atropelado durante uma manobra de avião em um dia de chuva. Além disso, de acordo com a Fraport, desde o temporal de 16 de janeiro, o equipamento Localizer/DME foi danificado.

Este equipamento é essencial para o funcionamento do sistema de pouso por instrumentos (ISL) CAT I, que não necessita de luzes de eixo na pista para pousos e decolagens. A previsão é que um novo equipamento seja montado até o dia 15 de abril e, após, passará por homologação da aeronáutica.

“Esclarecemos que os equipamentos que compõe o sistema ILS são de responsabilidade da Aeronáutica. Assim, a Fraport Brasil não tem possui autorização e autonomia para realizar intervenções nestes. A Fraport está prestando todo o apoio necessário para que a troca seja realizada de forma rápida e segura”, citou a empresa, em nota.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895