Mistério no caso do sino que sumiu da capela em São Pedro do Sul

Mistério no caso do sino que sumiu da capela em São Pedro do Sul

Peça de bronze de 200 quilos e mais de 330 anos desapareceu da igreja e virou caso de polícia na cidade gaúcha

Christian Bueller

Objeto foi instalado na Capela Ermida em 1686 e integrou redução jesuítica

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A comunidade do município de São Pedro do Sul, na região central do Estado, ainda está perplexa, sem saber o que houve com o sino de bronze de mais de 200 quilos, que desapareceu da Capela Ermida. Durante a missa da última terça-feira, dia 20, crianças deram falta  quando dariam a badalada no objeto, uma peça que tem mais de 330 anos. O caso virou ocorrência da Polícia Civil local, que investiga o caso.

A diretora de museus de São Pedro do Sul, Francis Schirrmann Silveira, entrou em contato com os institutos do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Estadual (Iphae) para relatar o caso, que também deverá ser registrado na Polícia Federal. “Esse bem não são tombados como patrimônio cultural, o que dificulta um pouco o processo, então, estamos correndo para fazer um levantamento para transformá-lo, nem que seja em esfera municipal”, conta. Apesar de o sino não ser de responsabilidade do município, a historiadora lamenta o caso pelo vínculo entre a peça e a cidade. “A gente se preocupa e se importa. Seguidamente, fazemos projetos com a criança sobre educação patrimonial. Neste semestre, fizemos muitas visitações ali”, lembra.

Na última vez que Francis esteve na Ermida, dia 12 de dezembro, o sino estava ali, imponente como sempre. “Fazemos trabalhos com as universidades e estava tudo certo”, recorda. Roubo e furto de sinos não é uma novidade no RS, segundo a diretora dos museus da cidade. “Ficamos em choque quando recebemos a notícia, mas já soube de casos em Caxias do Sul, Giruá, Santa Maria. Se há uma quadrilha especializada nisso, nos preocupa muito”, diz a historiadora.

Pela altura do sino, Francis corrobora com a investigação inicial que pende para idéia de que o ladrão não agiu sozinho. “Ele precisou de uma escada, certamente. Vimos que o local foi serrado também. A madeira ali é muito grossa, eles devem ter utilizado um equipamento”, arrisca.  Além da peça de bronze, foi levada, ainda a estrutura que dava suporte ao objeto. De vestígios, apenas marcas na grama que apontam para a queda da peça antes de ser levada. “Não agüentaram com o peso, porque o sino caiu no chão. É um patrimônio arqueológico, uma parte da nossa história que nos foi roubado”, lastima.

Tanto a capela quanto o sino foram instalados na cidade em 1686. Eles integraram uma redução jesuítica, antes da formação dos Sete Povos das Missões.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895