Moradores das ilhas de Porto Alegre ainda sofrem com acúmulos de água nas ruas

Moradores das ilhas de Porto Alegre ainda sofrem com acúmulos de água nas ruas

Já no interior gaúcho, terça-feira é de mais preocupação e limpeza de localidades

Felipe Faleiro

Na ilha da Pintada, Fusca está amarrado em rua para não ser levado pelo Guaíba

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A terça-feira foi de redução nos níveis do Guaíba em Porto Alegre, trazendo um pouco de alento aos moradores das ilhas de Porto Alegre, acostumados há semanas com os alagamentos persistentes. Não deve ser esta, no entanto, a tendência para os próximos dias, de acordo com a MetSul Meteorologia, bem como os prognósticos de aumento no fluxo de água, já que, nos afluentes do curso d’água, a água voltou a subir, devido às chuvas torrenciais dos últimos dias.

No Arquipélago, partes da ilha da Pintada continuam intransitáveis pelo acúmulo de água, principalmente próximo ao final da avenida Nossa Senhora da Boa Viagem e à régua de medição manual da ilha. Inclusive, há um automóvel Fusca no meio da via, junto à água acumulada na via. O veículo pertence a um morador que está em Santa Catarina, porém os vizinhos conseguiram resgatá-lo e amarrá-lo junto à cerca.

O pescador Everton Rios, vizinho do dono, contou que a água até o momento não deu sinais de trégua. “Logo que deu a chuvarada toda de setembro e houve o vento sul, a água chegou ao tórax. Nosso carro também quase foi levado, mas as ondas acabaram arrastando ele para dentro”, comentou. Rios diz ainda acreditar que o veículo não deve mais estar em condições de uso, pela possível inundação no motor. “Antes ele (dono) era bem cuidadoso”, relata o vizinho.

Já no interior do Estado, a preocupação é crescente. Em Centenário, no norte gaúcho, um incêndio destruiu quatro ônibus escolares no pátio da garagem da Prefeitura, por volta da meia-noite de terça. Dois outros coletivos foram salvos. O caminhão-pipa do município chegou a ser acionado, e conteve parcialmente as chamas, que foram extintas pelo Corpo de Bombeiros de Erechim, município a cerca de 40 quilômetros de distância. 

A perícia foi acionada para averiguar as causas, mas há suspeita de que o fogo tenha sido causado pela queda de raios na região. No município de São Luiz Gonzaga, nas Missões, em torno de 30 árvores caíram no perímetro urbano com a força dos ventos, a maioria na Praça Matriz. Conforme o coordenador da Defesa Civil Municipal, Milton Nei Neves do Amaral, 21 casas também destelharam, e já haviam recebido lonas hoje pela manhã.

“Não tivemos desabrigados, feridos ou desalojados. O maior problema mesmo foi em relação às quedas de árvores. O vento forte durou em torno de cinco minutos, e passou por todo o município. No interior, o estrago pode ser até maior, pois ainda não contabilizamos”, relatou ele. Partes de São Luiz Gonzaga chegaram a ficar sem energia elétrica, porém logo foi restabelecida pela RGE. A Defesa Civil de São Luiz Gonzaga também foi mobilizada para realizar a limpeza das ruas, assim como as secretarias de Agricultura, além de Obras e Viação.

Árvores também caíram na ERS 168, que liga o município a Roque Gonzales. No Vale do Taquari, a média de elevação do rio Taquari era de 30 centímetros por hora em Santa Tereza, além de 50 centímetros por hora em Roca Sales, Muçum, Lajeado e Estrela. As respectivas prefeituras disseram monitorar a situação. Algumas linhas intermunicipais de ônibus também seguiam afetadas, conforme o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).

Seis delas da empresa Ouro e Prata, de números 0673 (Santa Maria - Santa Rosa), 1080 (Santa Rosa - Bagé) e 1900 (Santa Rosa - Bagé), todas ida e volta, foram desviadas para Santiago, em razão da interrupção da BR-158, em Itaara, no centro do estado. Com isto, não há atendimento hoje às cidades de Cruz Alta e Júlio de Castilhos. Também houve problemas nas linhas Guaporé a Soledade, Pelotas a Bagé (ida e volta) e Rio Grande a Bagé (ida e volta, incluindo a passagem por Pelotas).


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895