Moradores de Alvorada ainda são desafiados pelas águas

Moradores de Alvorada ainda são desafiados pelas águas

Ruas de diferentes bairros da cidade permanecem alagadas. De acordo com a Defesa Civil, 1.037 casas foram atingidas e 214 pessoas estão na residência de parentes e amigos

Paula Maia

As águas ainda cobrem ruas do bairro América em Alvorada. Moradores colocam aterro para evitar mais alagamentos.

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Sandra e seu pai, João Cardoso, aproveitaram o bom tempo desta sexta-feira para continuar o trabalho de reforçar o aterro em frente à sua residência, localizada na rua Anita Garibaldi, no bairro América, em Alvorada.

Cardoso contou que já colocaram mais de trinta metros de aterro na residência e essa é a única forma para “cuidar do pouco que se tem”. Ele mora no bairro há mais de 50 anos e afirmou que não viu nenhuma melhora significativa. 
 
Ele reside a poucos metros da casa da filha e contou que mesmo depois de levantar a sua casa, por causa da enchente de 2015, a água da recente inundação ainda conseguiu alcançar o primeiro dos cinco degraus em sua entrada.

A falta de luz por 15 dias também foi relatada por Sandra que contou da dificuldade de se manter em casa sem energia elétrica. " A luz voltou na terça-feira. Conseguimos uma bateria para ter uma luz. Mas o banho era de caneca”, contou. 

A situação problemática do bairro Americano é ressaltada por Cláudio Silva dos Santos, morador de Alvorada há 52 anos. Ele acredita que a situação piorou ao longo dos anos, citando o crescimento da cidade e a construção de novos empreendimentos como fatores contribuintes. 

“A tendência é piorar e está piorando cada vez mais. EM 2015 a situação foi bem complicada, mas desta  vez a água subiu aos poucos só que ela não está dando baixa”, afirmou.

Ele argumenta que elevar as casas não é viável devido à geografia da área, sendo uma bacia de água. Ele acredita que a solução ideal seria realocar os moradores para áreas mais elevadas.

Equipes da Assistência Social do município estão trabalhando na rua Itararé, no bairro Americana, cadastrando moradores afetados pelas enchentes. A coordenadora da Proteção Social Básica, Tanara Benites, explicou que esse registro é importante para planejar ações específicas para atender às necessidades das famílias afetadas pela inundação.

 “Para a assistência conhecer o perfil dessas famílias que foram atingidas e trabalhar com as necessidades específicas desse território, dessa região, a gente precisa fazer esse levantamento”, explicou. 

Tanara informou que inicialmente esse trabalho estava sendo realizado de casa em casa, mas com a subida das águas foram colocados pontos de cadastro e as pessoas estão indo até os locais.  O outro ponto de cadastro é no CRAS Nova Americana.

De acordo com a Defesa Civil de Alvorada, os bairros mais atingidos pela enchente foram 11 de Abril, Americana, Nova Americana, Sumaré e Cedro. Nos últimos dados declarados pelo órgão 1.037 casas foram atingidas, 214 pessoas estão na residência de parentes e amigos e 12 pessoas estão no CRAS Cedro.


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