Moradores de Eldorado do Sul vivem em casas condenadas após as cheias

Moradores de Eldorado do Sul vivem em casas condenadas após as cheias

Na manhã desta quarta, agentes do Cras estiveram no bairro Picada conversando com habitantes

Felipe Faleiro

Carla vive em um cenário assemelhado a uma guerra no bairro Picada

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Em pontos da região metropolitana, como no município de Guaíba, a situação é próxima à normal após as cheias do final de novembro, com a régua de medição no terminal da CatSul, no Centro, marcando 1,40 metro, a menor desde 13 de novembro. O mesmo, em tese, pode ser dito a Eldorado do Sul, embora a ajuda ainda seja demandada à localidade, duramente atingida pela cheia da foz do Jacuí no mês passado, e onde ainda há diversos entulhos pelas ruas. Mas, em muitas localidades, casas também estão destruídas, como na rua dos Pilares, bairro Picada, próximo a um banhado.

Na manhã desta quarta-feira, agentes do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) local estiveram na região, conversando com os habitantes. A aposentada Sandra Beatriz Alves da Silva havia perdido sua casa na enchente de 2015, inferior às mais atuais, porém reconstruiu e voltou para a localidade. Sua filha, Carla Adriana da Silva Martins, vive nos fundos, em uma residência condenada. Ela afirmou ter preferido não ir para um abrigo com três crianças, de 11, 5 e 2 anos.

“Não tem outro jeito, e nosso benefício que prometeram está com problemas”, comentou ela, se referindo ao Volta por Cima, do governo do estado, cujo prazo inicial para envio dos cadastros foi perdido pela Prefeitura, e por isso houve atrasos para concessão dos valores. “Deveríamos ter recebido, porém até agora nada”. No terreno onde moram mãe e filha, o asfalto cedeu devido à enchente mais recente, e até o momento não foi consertado. Buracos também estão por toda parte. 

Carla conta que não está trabalhando, mas antes atuava como doméstica, para obter algum sustento. Acessível somente por trapiches temporários, as casas de madeira onde as duas moram podem cair a qualquer momento, assim como outras próximas. A filha de dona Sandra passa o tempo entre a residência e uma barraca nas margens da BR 290. Procurada, a Prefeitura afirmou que ainda há 32 pessoas no Ginásio Getúlio Vargas, e 200 pessoas seguem desalojadas. 

Não há escolas fechadas no município e, em relação aos serviços de saúde, a Farmácia Municipal de Eldorado do Sul segue atendendo na base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), na avenida Mário Ribeiro, nº 295, das 8h30 às 12h, e das 13h às 17h, por tempo indeterminado. Questionada sobre o eventual conserto das ruas mais afetadas, a Secretaria Municipal de Obras e Viações disse apenas que, no momento, estão sendo realizadas vistorias com os técnicos para verificação das situações mais críticas.


Correio do Povo
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