Moradores depositam flores em frente à casa onde morava Bernardo

Moradores depositam flores em frente à casa onde morava Bernardo

Quatro anos após a morte do menino, comunidade realiza ações para evitar novas vítimas

Agostinho Piovesan

Moradores depositam flores em frente à casa onde Bernardo morava

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Dezenas de pessoas deixaram flores em frente à residência onde vivia o menino Bernardo Boldrini, morto no dia 4 de abril de 2014. Ao completar quatro anos do crime que chamou a atenção pela sua crueldade, nesta quarta-feira muitas pessoas visitam a casa, no centro de Três Passos, no Noroeste do Estado. Para o próximo dia 15, está prevista a celebração de uma missa na Igreja Matriz de Três Passos. Bernardo foi catequizado na igreja, tendo concluído a primeira comunhão e atuado como coroinha em algumas celebrações.

O padre Rudinei da Rosa, da paróquia Santa Inês, disse que no mesmo dia será lançado o projeto “Agora e na hora da nossa vida”, que será desenvolvido pelo grupo de jovens que integram a paróquia Santa Inês. A meta é sensibilizar as famílias de que casos como esse, de agressão e até mesmo morte de crianças, não pode ser repetido. As ações envolverão visitas a escolas, para um trabalho de aproximação e diálogo. "O papel da igreja não é o de julgar, mas sim de refletir sobre a situação de violência social enfrentada pela comunidade em seu dia a dia”, disse o pároco.

Voluntários da comunidade realizaram, nos últimos anos, a limpeza da parte frontal da casa onde Bernardo morava, na rua Gaspar Silveira Martins. No local, desde a morte do garoto, são colocadas faixas, banners, velas e depositadas flores. Nas inscrições das faixas são feitos pedidos por justiça e mensagens de carinho a Bernardo, que tinha 11 anos quando foi morto. O grupo de moradores se reúne periodicamente e já conseguiu doações encaminhadas à casa de passagem Lar Acolhedor, que trabalha com o acolhimento a crianças e adolescentes vítimas ou em risco de violência no ambiente familiar. A entidade é sediada em Três Passos.

Punição aos culpados
O inquérito policial aponta que o menino foi morto pela madrasta, a ex-enfermeira Graciele Ugulini, com a participação do pai, o médico Leandro Boldrini, e dos irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz. Na época, Graciele obrigou a criança a ingerir alta dose do medicamento Midazolan, o que teria provocado sua morte. O corpo de Bernardo foi encontrado dez dias depois, na Linha São Francisco, no interior de Frederico Westphalen.

Os réus estão presos desde 2014. Dezenas de recursos foram movidos pelas defesas junto ao Tribunal de Justiça e tribunais superiores e nenhum conseguiu tirar os quatro da cadeia. Boldrini está na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. O médico exerce atividades laborais, como limpeza e ajuda na cozinha. 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895