Moradores em frente a estação do Dmae relatam seguidas faltas de água em Porto Alegre

Moradores em frente a estação do Dmae relatam seguidas faltas de água em Porto Alegre

Bairro Belém Velho e parte da Vila Nova passou a virada para 2023 com torneiras secas

Felipe Faleiro

Nível do Guaíba segue abaixo da média histórica para o mês de janeiro

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A população do bairro Vila Nova, na zona Sul de Porto Alegre, não aguenta mais ocorrências seguidas de falta de água. Na virada do ano, houve mais uma delas, e o relógio bateu meia-noite de 1º de janeiro sem uma gota nas torneiras. Tal situação já é costumeira e recorrente no verão, disseram moradores da rua Amapá. Alguns deles vivem próximos à Estação de Bombeamento de Água Tratada (EBAT) São Jorge II, mantido pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), embora não pareça, dada a quantidade de dias sem abastecimento adequado.

Quando volta, a água vem fraca, e demora até normalizar. A diarista Renata Melo, por ironia do destino, mora há cinco anos em uma residência alugada bem em frente a EBAT, que seguidamente recebe a visita de técnicos do Dmae. “Sorte é que comprei uma piscina de 6 mil litros, e cuja água utilizei no final de semana para colocar no vaso sanitário, limpar a casa, o pátio e molhar as plantas”, conta ela, que vive no local com o esposo, fora filhos e netos que vêm visitar. 

Até há uma caixa d’água no terreno, mas ela pertence à casa vizinha. “Nesse calorão todo que tem feito nos últimos dias, alguma solução precisa ter. Acabamos não abrindo protocolo, mas conversamos bastante com o pessoal do Dmae que vem aqui para saber o que acontece”, comenta ela. Mais acima na via íngreme, a aposentada Greice Gomes mora em outra casa há 27 anos, e também já se diz acostumada com as torneiras secas, ou com pouco fluxo.

“Certa vez, já até tive de colocar um registro na máquina de lavar, porque estragou por causa da falta de água. A gente fica sem saber quando vai faltar novamente, ou quanto tempo vai demorar para retornar. Já tivemos canos estourados aqui, e fica para nós o prejuízo grande”, critica. Na manhã desta segunda-feira, ela regava as plantas com o pouco que saía de uma mangueira no pátio. “Uma árvore aqui da frente secou com este último forte calor. No Natal, ano novo, seguidamente acontece”.

Apesar do drama dos moradores, o Dmae afirmou que não houve problemas no sistema de abastecimento no último final de semana de 2022, mas sim, incidentes nesta estação, que afetou parte da Vila Nova e todo o bairro vizinho de Belém Velho. Entre as intercorrências apontadas, houve “falta de nível devido ao alto consumo e na Estação de Bombeamento de Água Tratada São Jorge 2 por falha mecânica”. Disse também que, durante o final de semana, “equipes de plantão trabalharam para solucionar os problemas ocasionados pontualmente em ambos os locais.”

O departamento também comentou que “o desabastecimento do Natal não se compara ao problema enfrentando na virada do ano”, e que, na ocasião em que foi procurado, todos os sistemas estavam funcionando a pleno. No final de semana do Natal, seis reservatórios mantidos pelo Dmae ficaram inoperantes e 16 bairros da zona Sul registraram falta de água, bem como houve excesso de turbidez na água, situação causada pela estiagem recorrente das últimas semanas.

De qualquer forma, há a recomendação de que a população faça o consumo consciente da água por conta das chuvas escassas e baixo nível tanto do Guaíba, quanto dos mananciais que o abastecem. Hoje, no início da tarde, o nível do Guaíba estava em 41 centímetros, seis a menos do que os 47 centímetros normais para a média histórica de janeiro, de acordo com dados divulgados pela MetSul Meteorologia.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895