Moradores questionam obra prevista para bairro de Esteio

Moradores questionam obra prevista para bairro de Esteio

Remodelação, que permitirá a entrada de veículos maiores, deve atingir 100 residências

Fernanda Bassôa

Moradores não concordam com o recuo projetado

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Moradores residentes em becos e travessas da Vila Esperança, no bairro São José, em Esteio, estão preocupados com as obras de alargamento das vias, projeto que integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). Segundo a comunidade, a remodelação, que possibilitará a entrada de veículos maiores, como caminhões do Corpo de Bombeiros, deve atingir mais de 100 residências. A intervenção prevê o recuo de terrenos, entre 1,5 e 2,5 metros, o que acarretaria remoção de cercas e muros e atingiria parte das casas. Segundo os moradores, a prefeitura emitiu notificação para que eles próprios façam a retirada das cercas. Nesta terça-feira, técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação vão apresentar à comunidade as intervenções a serem feitas e tirar as dúvidas. O encontro é às 18h30min, na capela Nossa Senhora da Esperança.

O técnico em Eletrônica Alexandre Luz dos Santos, de 41 anos, afirma que a vila existe há 40 anos e que é um descaso com as famílias a ideia de destruir o que se tem. “No Beco 5, uma das senhoras vai perder parte do banheiro e da cozinha. A vizinha dela perderá parte do quarto. Queremos a readequação do projeto. As famílias não podem arcar com este prejuízo.” Santos diz que as vias têm trânsito compartilhado e que raramente acontecem acidentes. A dona de casa Marisa Mendes, 57, relata que a via é estreita, mas passam carro, caminhão e ambulância. “A ideia de fazer pavimentação e calçamento é valida, mas tirar um pedaço do que é nosso não.” O vereador Luiz Duarte, que integra a Comissão de Transporte, Habitação e Urbanização da Câmara, diz que o Executivo precisa dialogar com a população. “As pessoas não querem perder pedaços das casas, de seus comércios. É claro que a finalidade do projeto é promover melhorias, mas é preciso que ele seja remodelado.”

A prefeitura explica que o projeto prevê intervenções em 26 ruas, travessas e becos da vila Esperança, com larguras variáveis. Integrando o Programa de Urbanização de Assentamentos Precários, estão previstas intervenções como instalação de rede de drenagem pluvial e cloacal, pavimentação de ruas, construção de passeios públicos, acessibilidade e sinalização viária. O Executivo esclarece que o processo licitatório foi realizado em 2018. O valor final ficou em R$ 3,2 milhões, recursos do PAC/Caixa Econômica Federal. A estimativa de início dos trabalhos é para fevereiro, com previsão de duração de nove meses.

O projeto, conforme a prefeitura, foi aprovado na Caixa e no Ministério das Cidades na gestão passada. Na atual administração, foram realizadas audiências com a comunidade na Câmara e reuniões com os moradores que serão afetados. Segundo o Executivo, não há previsão de indenização, mas casas afetadas serão reconstruídas. “Toda obra causa transtornos, mas são necessárias para o bem comum. As melhorias com a pavimentação, construção de passeios públicos e colocação de redes de drenagem pluvial e cloacal da vila Esperança vão trazer um futuro mais positivo para a comunidade, com valorização dos imóveis”, afirma o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Kohlrausch.
 

Correio do Povo
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