Muçum enfrenta terceira tragédia climática desde agosto: “cenário já era ruim, agora agravou"

Muçum enfrenta terceira tragédia climática desde agosto: “cenário já era ruim, agora agravou"

Cheia atingiu 70% do município, que enfrentou temporal de granizo e enchente histórica nos últimos meses

Felipe Faleiro

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O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, disse neste domingo que a atual situação praticamente inviabilizava a retomada das famílias, muitas das quais ainda não haviam se recuperado das duas tragédias recentes anteriores: o pior temporal de granizo da história do município, em 23 de agosto, seguido pelo maior desastre natural da história gaúcha, em setembro.

“O cenário já era ruim, agora agravou, mas vamos seguir firmes para atender as pessoas da maneira que elas precisarem. Vamos depender de muito apoio externo, tanto de voluntários, como de pessoas e equipamentos, mas principalmente dos governos estadual e federal, que vão precisar muito mais agora nos amparar para recuperar o irrecuperável”, afirmou Trojan, acrescentando que a atual tragédia atingiu 70% do município, enquanto a anterior, 80%.

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Brigada Militar esteve reunido com o chefe do Executivo de Muçum ontem à tarde prometendo apoio, assim como o Exército e alguns grupos de voluntários. Três locais de Muçum estão servindo de abrigo a cerca de 180 pessoas desalojadas. Entre eles, o CTG Sentinela da Tradição, que recebe 20 famílias. Ao lado, o campo de futebol do tradicional Clube Fortes e Livres serviu como local de pouso de helicópteros da BM e Polícia Civil, trazendo garrafas de água para os desabrigados. Trojan ainda relatou que a necessidade imediata dos moradores é de água, kits de higiene e limpeza, álcool, sabão líquido, além de botas, rodos, luvas e enxadas.

Arroio do Meio

Em Arroio do Meio, o acesso aos bairros Rui Barbosa e Bela Vista estava interditado. O fluxo dos rios Taquari e Forqueta invadiu as ruas junto ao trevo de entrada do município. Pelo mesmo motivo, o trânsito foi bloqueado na BR 386, na localidade de Palmas, e um helicóptero da Brigada Militar (BM) utilizou a via como local de pouso e decolagem. Algumas famílias já estavam retornando para suas casas, no entanto.

Lajeado e Estrela

Já em Estrela, 522 pessoas foram acolhidas em três ginásios e diversas vias foram interrompidas pela água. As aulas foram suspensas nesta segunda em pelo menos sete escolas do município. A passagem foi interrompida na BR 386, no quilômetro 354, próximo a fábrica da Languiru, em razão da água do arroio Estrela invadir a pista. Em Lajeado, a água subiu a 28,92 metros na madrugada de ontem, inferior aos 29,62 metros de setembro. A Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Risque e Rabisque e o Projeto Vida São José não atendem hoje, após terem sido atingidos pela enchente. Locais como o Parque dos Dick, além de 30 ruas, ficaram embaixo d’água. 

O presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e prefeito de Estrela, Elmar Schneider, disse que este é um momento de “paciência e equilíbrio”. “Devemos repensar aquilo que está acontecendo a nível de Brasil e mundo. É com este olhar preventivo que estamos profissionalizando nossas defesas civis”, comentou Schneider, ressaltando o fato de que, desta vez, não havia óbitos na região. Conforme a MetSul Meteorologia, os três maiores picos de chuva no Vale do Taquari entre 1923 e 2023 têm em comum episódios de El Niño, como o de agora, considerado de intensidade moderada.


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