Municípios gaúchos aprovam leis para proibir canudos de plástico

Municípios gaúchos aprovam leis para proibir canudos de plástico

Santa Maria, Rio Grande, Santa Cruz do Sul e Gravataí já têm projetos sobre o tema

Correio do Povo

O objetivo é reduzir o volume de plástico no meio ambiente

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Municípios gaúchos estão seguindo o exemplo do Rio de Janeiro com a aprovação de leis que proíbem o uso de canudos de plástico em prol do meio ambiente. Neste semana, a Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul aprovou projeto neste sentido. A primeira cidade no Estado a sancionar legislação que bane os canudos de plástico de bares e restaurante foi Santa Maria, na região central. Lá, a lei entrará em vigor em março. Em Rio Grande, no Sul do Estado, os estabelecimentos devem obedecer às normas a partir de janeiro. Em Gravataí, na Região Metropolitana, projeto semelhante foi apresentado na Câmara, mas ainda passará por votação.

• Lei proíbe o uso de canudos de plástico em Santa Maria

Em Santa Cruz, o autor da proposta, Hildo Ney Caspary, justificou a medida a partir dos danos que resíduos plásticos causam aos animais marinhos. Uma emenda do próprio Caspary proibiu também a venda de canudos nos estabelecimentos. Outra, do vereador Mathias Bertram, deu prazo de dois anos para as empresas se adaptarem. Para entrar em vigor, a lei ainda precisa ser sancionada. As empresas que não cumprirem a lei serão multadas no valor de cinco Unidades Padrão Monetária, o equivalente a R$ 1.434,30 e, em cada caso de reincidência, o valor dobra. “Assim como as sacolas plásticas são extremamente nocivas ao meio ambiente, os canudos plásticos não biodegradáveis também causam malefícios à natureza, em especial à vida marinha. Se você usar um canudo por dia durante 10 anos, 3.650 canudos plásticos acabam em aterros.”

O projeto, no entanto, encontrou resistência por parte do comércio e da indústria. O presidente do Sindigêneros Vales do Rio Pardo e Taquari, Celso Müller, afirma que a venda de canudos não representa muito no lucro, mas avalia que o maior problema será para o consumidor. “Para certos ramos do mercado vai ser muito ruim, como bares e restaurantes”, alega. O empresário e diretor do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado, Flávio Haas, também avalia o projeto como negativo e diz que o problema não é o plástico, mas a falta de educação das pessoas. “O canudo bem armazenado pode ser reciclado, gerar renda e ser reutilizado”, defende. 

Rio Grande já tem restaurante com canudo de papel

Sancionada no fim de setembro pelo prefeito Alexandre Lindenmeyer, o projeto de lei em Rio Grande é da vereadora Denise Marques e prevê período de transição até 21 de janeiro. “Na praia do Cassino temos uma fauna rica e, conforme pesquisas da FURG, boa parte do material plástico de cai na praia é ingerido por animais como tartarugas marinhas, por exemplo, que acabam morrendo por ingerir este tipo de material”, lamenta.

A vereadora conta que o Cassino conta com 40 mil moradores, mas nos finais de semana de verão, este número chega á 200 mil. “Agora que foi sancionada, queremos conversar com os comerciantes sobre a importância da lei, que eles podem substituir canudos plásticos por biodegradáveis, de bambus, de papel, de inox”, diz. "A sociedade não necessita de canudo pra viver, exceto pessoas com dificuldades para sucção”, afirma.

Mesmo antes da lei entrar em vigor, o empresário Leonardo Lorea Gomes decidiu implantar a inciativa em seu restaurante por sugestão dos clientes. “O nosso foco é comida natural e as pessoas nos solicitaram que não utilizássemos mais canudos de plástico”, conta. No local são encontrados canudos biodegradáveis, que demoram menos tempo para se decompor. “O produto ainda é dez vezes mais caro que o plástico comum, mas vale o investimento pois além da consciência ambiental estamos agradando nossos clientes”, opina. Ele conta que a atitude teve consequência positiva. “Não sei se foi esta a causa, mas aumentamos o movimento no restaurante.”

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