Número de desalojados e desabrigados chega a 6,3 mil na Fronteira-Oeste

Número de desalojados e desabrigados chega a 6,3 mil na Fronteira-Oeste

No fim da tarde de terça-feira, 3.485 estavam fora das suas casas em abrigos municipais ou na casa de amigos

Fred Marcovici

Alguns atingidos pelas cheias optaram por ficar em barracas na Fronteira-Oeste

publicidade

A quarta-feira de chuvas esparsas, algumas localidades nubladas e um frio moderado definem a situação da cheia que se agrava em boa parte da Fronteira-Oeste. No baixo Uruguai, São Borja, Itaqui, Uruguaiana e agora Barra do Quaraí, reunidas, acumulam 6.309 pessoas desabrigadas ou desalojadas, além de somarem prejuízos materiais e emocionais exponenciais às populações. Ontem, no fim da tarde, o número era de 3.485.

Em Uruguaiana, o rio mede 11,90 m, superando a cota de inundação, que é 8,50 m, e crescendo. Há 3.922 ribeirinhos dos bairros Santo Antônio, Mascarenhas de Moraes, Nova Esperança, Bela Vista, Cabo Luiz Quevedo e uma série de áreas periféricas com problemas devido à enchente, a maior desde 2017 quando o rio atingiu 12,13 m. São 222 pessoas desabrigadas e assistidas nos Centros Esportivos Zona Leste e Nova Esperança, Ginásio do Instituto Elisa Valls e antigo Juventude, além de 3,7 mil desalojadas e temporariamente em parentes, amigos, vizinhos e barracas.

A ligação entre a BR 472 e a Vila de São Marcos está com o tráfego suspenso por ter sido alagada. Os bombeiros, a Marinha do Brasil e a Defesa Civil, estão mobilizados, com dois barcos, para dar apoio à travessia aos que ficaram ilhados. Também o Aferidor está isolado. Dezenas de famílias optaram por barracas, podendo assim ficar próximos a casa como forma de se protegerem contra os “piratas de cheia”. Banheiros químicos foram montados em pontos estratégicos no entorno dos pontos de cheia. A Copa da Amizade de Futebol, que seria aberta hoje, foi cancelada devido à enchente.

Já em Itaqui o rio marca 12,60 m, ultrapassando a cota de inundação de 8,30 m, oscilando desde a noite de ontem. As 1.066 pessoas atingidas dividem-se em 96 casas volantes que precisaram ser duas vezes remanejadas e 284 moradias fixas alagadas ou em risco. São 72 pessoas assistidas no Ginásio Castelão e nas Escolas Otávio Silveira e Vicente Solés. As Escolas Otávio Silveira, Getúlio Vargas e Vicente Solés, mesmo com aulas remotas, estão fornecendo merenda aos estudantes.

Em São Borja, o rio mede 12,76 m, superando a cota de inundação que é de 9 m, e mantendo o recuo. Segundo o coordenador da Defesa Civil municipal, Moacir Tiecher, o número de afetados pelo rio, após a recontagem, incluindo aqueles que deixaram as casas por conta própria, mantém-se em 1.280 de 320 famílias. A área mais atingida é o bairro do Passo, além do Itacherê e a Vila Santa Rosa. Os 180 desabrigados estão sendo assistidos em 10 locais montados pelas autoridades ou optaram por barracas.

Em Uruguaiana, Itaqui e São Borja estão sendo desenvolvidas campanhas visando arrecadar donativos (roupas, cobertores, material de limpeza, higiene e alimentos não perecíveis) aos flagelados. Na cidade de Alegrete, de acordo com Renato Grande, coordenador da Defesa Civil municipal, o Ibirapuitã está estabilizado em 6,95 m, abaixo da cota de atenção, que é de 7,50 m.

Em Barra do Quaraí, o rio Quaraí mede 9,74 m, superando a cota de cheia de 8,50 m. Foram remanejadas nove famílias desalojadas e duas desabrigadas assistidas no prédio da Cozinha Comunitária adaptado pelo município para receber os ribeirinhos. Alagamento no Parque Beira Rio e parte da rua Visconde do Rio Branco. Um total de 41 pessoas estão fora das suas residências.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895