No Dia do Gari, profissionais cobram conscientização da população

No Dia do Gari, profissionais cobram conscientização da população

Garis participaram da abertura da 18ª Semana Cidade Limpa de Porto Alegre

Felipe Samuel

Profissionais cobram mais respeito e conscientização da população

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Responsáveis por manter ruas e praças limpas, os garis ainda enfrentam um grande desafio: a falta de conscientização da população no descarte adequado do lixo. Para destacar a importância do trabalho desses profissionais, a Associação dos Servidores do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (ASDMLU) ofereceu um café da manhã nesta terça-feira, na sede do DMLU, no bairro Azenha. A atividade marca a abertura da 18ª Semana Cidade Limpa de Porto Alegre.

Com 31 anos de DMLU, a gari Jane Beatriz Gomes da Silva, 52, afirma que o encontro valoriza o trabalho dos profissionais que organizam os serviços de limpeza da cidade. “É maravilhoso o serviço da gente. Eu amo ser gari, amo minha profissão de coração. É lindo o que a gente faz, pena que a gente não é valorizado”, avalia. Entre os problemas apontados por Jane está a falta de conscientização na hora de descartar o lixo. Com mais de três décadas de profissão, ela afirma que o comportamento da população não mudou.

“Continua a mesma coisa, as pessoas não têm um 'pingo' de educação ou respeito com a gente. Só o que a gente quer da população é um pouco mais de respeito. A gente pede uma água e não ganha. Muitos fingem que não veem a gente. Se a gente está varrendo eles passam e jogam o lixo, como quem diz 'tu está aí para isso'. É nosso trabalho, a gente ama o que faz, mas a população não vê assim. Falta muita conscientização da população”, afirma.

Ela vê exemplos diários de descaso com o descarte do lixo. “A gente sai com o caminhão e quando voltamos, pelo mesmo trajeto, já está sujo de novo”, diz. “A gente está na rua 24 horas, mas a gente não vê o resultado do nosso trabalho”, completa. O diretor-geral do DMLU, Paulo Marques dos Reis diz que é importante valorizar a atuação dos garis. É um servidor singular, distinto, porque nunca para. Não tem pandemia, não tem feriado, o gari é incansável, se arriscando na rua para nos entregar um serviço de qualidade. Então nada mais justo que nesse dia a gente preste homenagem”, destaca.

Com o tema “Cidade limpa é aquela que ninguém suja”, a prefeitura quer reforçar a necessidade de conscientização da população. “Todos sabem o que tem que ser feito com o resíduo. A gente tem que mexer na consciência das pessoas para que as pessoas tenham esse sentimento de pertencimento e passem a ver a cidade como delas, ou seja, não descartar de forma irregular, separar o resíduo, limpar a frente da sua casa”, observa.

Conforme o DMLU, cerca de 1.100 toneladas de lixo são recolhidos por dia em Porto Alegre. “Quando chega no transbordo, a gente detecta que dessas 1.100 toneladas, 250 toneladas poderiam ser reciclável. Isso aumentaria a geração de emprego e renda nas unidades de triagem com quem a gente tem contrato e diminuiria nosso custo no transporte, no destino final desse resíduo. É o legítimo negócio bom para todo mundo”, avalia. Segundo Reis, a Capital separa hoje 4,5% do seu resíduo. “É muito pouco, mas mesmo assim está cima da média nacional”, compara.

Ele reforça a necessidade de parceria entre o poder público e a sociedade. “Sem isso não vamos alcançar o que a gente espera, uma cidade sustentável, limpa e agradável de se viver”, conclui.


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