No Dia do Gari, profissionais cobram conscientização da população
Garis participaram da abertura da 18ª Semana Cidade Limpa de Porto Alegre
publicidade
Responsáveis por manter ruas e praças limpas, os garis ainda enfrentam um grande desafio: a falta de conscientização da população no descarte adequado do lixo. Para destacar a importância do trabalho desses profissionais, a Associação dos Servidores do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (ASDMLU) ofereceu um café da manhã nesta terça-feira, na sede do DMLU, no bairro Azenha. A atividade marca a abertura da 18ª Semana Cidade Limpa de Porto Alegre.
Com 31 anos de DMLU, a gari Jane Beatriz Gomes da Silva, 52, afirma que o encontro valoriza o trabalho dos profissionais que organizam os serviços de limpeza da cidade. “É maravilhoso o serviço da gente. Eu amo ser gari, amo minha profissão de coração. É lindo o que a gente faz, pena que a gente não é valorizado”, avalia. Entre os problemas apontados por Jane está a falta de conscientização na hora de descartar o lixo. Com mais de três décadas de profissão, ela afirma que o comportamento da população não mudou.
“Continua a mesma coisa, as pessoas não têm um 'pingo' de educação ou respeito com a gente. Só o que a gente quer da população é um pouco mais de respeito. A gente pede uma água e não ganha. Muitos fingem que não veem a gente. Se a gente está varrendo eles passam e jogam o lixo, como quem diz 'tu está aí para isso'. É nosso trabalho, a gente ama o que faz, mas a população não vê assim. Falta muita conscientização da população”, afirma.
Ela vê exemplos diários de descaso com o descarte do lixo. “A gente sai com o caminhão e quando voltamos, pelo mesmo trajeto, já está sujo de novo”, diz. “A gente está na rua 24 horas, mas a gente não vê o resultado do nosso trabalho”, completa. O diretor-geral do DMLU, Paulo Marques dos Reis diz que é importante valorizar a atuação dos garis. É um servidor singular, distinto, porque nunca para. Não tem pandemia, não tem feriado, o gari é incansável, se arriscando na rua para nos entregar um serviço de qualidade. Então nada mais justo que nesse dia a gente preste homenagem”, destaca.
Com o tema “Cidade limpa é aquela que ninguém suja”, a prefeitura quer reforçar a necessidade de conscientização da população. “Todos sabem o que tem que ser feito com o resíduo. A gente tem que mexer na consciência das pessoas para que as pessoas tenham esse sentimento de pertencimento e passem a ver a cidade como delas, ou seja, não descartar de forma irregular, separar o resíduo, limpar a frente da sua casa”, observa.
Conforme o DMLU, cerca de 1.100 toneladas de lixo são recolhidos por dia em Porto Alegre. “Quando chega no transbordo, a gente detecta que dessas 1.100 toneladas, 250 toneladas poderiam ser reciclável. Isso aumentaria a geração de emprego e renda nas unidades de triagem com quem a gente tem contrato e diminuiria nosso custo no transporte, no destino final desse resíduo. É o legítimo negócio bom para todo mundo”, avalia. Segundo Reis, a Capital separa hoje 4,5% do seu resíduo. “É muito pouco, mas mesmo assim está cima da média nacional”, compara.
Ele reforça a necessidade de parceria entre o poder público e a sociedade. “Sem isso não vamos alcançar o que a gente espera, uma cidade sustentável, limpa e agradável de se viver”, conclui.