Noite de Carnaval em Porto Alegre gera diversão, mas também críticas

Noite de Carnaval em Porto Alegre gera diversão, mas também críticas

Foliões destacaram baixo incentivo para os blocos de rua, entre outros problemas

Rafael Rangel Winch

Capital teve festas nas ruas e também em espaços privados

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A folia noturna da Capital reuniu pessoas em diferentes pontos da cidade, neste domingo, 19. Apesar da animação pelo momento de festa, público também apontou falta de atrações musicais e artísticas nos eventos que ocorreram nas ruas de Porto Alegre. Para alguns foliões, a alternativa encontrada para pular o Carnaval foi participar de eventos pagos.

Tradicional ponto de encontro de foliões, a Cidade Baixa também juntou pessoas de diversas regiões da cidade, além de moradores de outros munícipios gaúchos. Um grupo de amigas que veio de Dom Pedrito especialmente para o Carnaval dançou e cantou marchinhas clássicas. No entanto, elas consideraram que, neste ano, o local não aproveitou todo potencial que possui para abrigar as festividades carnavalescas. "A gente achou que não teve tanta aquela alegria da Cidade Baixa. Por muito tempo nós participamos do Carnaval daqui. Depois que os blocos ficaram parados por causa da pandemia, eles não tiveram o devido incentivo para estarem aqui", opinou uma das integrantes do grupo, Solange Rocha. Outras pessoas presentes no local reclamaram da ausência de música e atividades culturais logo num dos bairros historicamente mais plurais e animados da Capital. 

Amigos de Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul e São Leopoldo aproveitaram o Carnaval no Bairro Bom Fim, onde o agito concentrou-se na rua Bento Figueiredo, que estava quase lotada no início da noite. Caruline Macedo, Gabriela Duarte e Sérgio Vargas pesquisaram na internet opções de festas na capital, indo primeiramente para Cidade Baixa que, segundo eles, estava bastante tumultuada. "Viemos para Porto Alegre especialmente para o Carnaval. É uma época de muita diversão, alegria, celebrar as amizades", relatou Gabriela. Já Sérgio lembrou o que representa o Carnaval acontecer agora após o período mais crítico da pandemia da COVID-19. "A gente se renova, agora podemos aproveitar a festa de uma forma mais leve". Outras pessoas que curtiram a folia no bairro também relataram que passaram antes na Cidade Baixa, mas saíram de lá pela falta de atrações e organização. "Estava muito cheio, mal organizado lá e meu filho tem apenas 8 anos. Então viemos para cá e achamos aqui bem mais gostoso", contou Marília Polidori, que ainda chamou a atenção para a ausência de banheiros químicos na folia realizada no Bom Fim.

Para além da diversão nas ruas da cidade, houve também quem preferisse cair na folia em eventos privados. No bairro Floresta, O Carna Fuga, realizado em um bar do Quarto Distrito, empolgou foliões que curtiram som de DJ e também o Bloco da Lage, atração principal da noite. Na fila para entrar no espaço, quatro amigos comentaram sobre as percepções não somente sobre o evento, mas ainda acerca do Carnaval como um todo em Porto Alegre. Para eles, a escolha por essa opção de festa foi tanto pela presença do Bloco da Lage, como também devido as ausências de outros eventos organizados com variedade de atrações musicais, por exemplo. "Infelizmente os blocos que saíram nesse ano nas ruas foram clandestinos porque a prefeitura simplesmente resolveu ignorar o carnaval como se ele não fizesse parte da nossa cultura", manifestou um dos membros do grupo, Caleu Nunes. 

O produtor cultural e idealizador do evento, Ian Angeli também ressaltou os problemas relacionados à falta de apoio e organização para o Carnaval na Capital. "A gente entendeu que precisava recuperar a capacidade de Porto Alegre em manter a população se divertindo na cidade. O carnaval daqui vem sofrendo seguidas restrições por parte do poder público. É muito difícil conseguir colocar um bloco na rua. Não tem qualquer forma de incentivo e com isso a iniciativa privada precisa suprir a demanda da população. Carnaval é cultura, é necessidade pública e merece investimento. Estamos aqui tentando suprir condições mínimas de diversão", sublinhou. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895