Novo episódio de chuva causa apreensão em moradores das ilhas em Porto Alegre

Novo episódio de chuva causa apreensão em moradores das ilhas em Porto Alegre

Precipitações desta manhã não foram tão intensas quanto às de dez dias atrás

Felipe Faleiro

Com as mãos sujas de barro, Geminiano, ao lado da esposa Franciele, buscava arrumar seu terreno

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Nas ilhas de Porto Alegre, os moradores nesta terça-feira estavam mais uma vez apreensivos, depois da chuva que novamente caiu na região do bairro Arquipélago, duramente afetado pelas enchentes na Capital. No turno da manhã, as precipitações, no entanto, não foram tão intensas quanto nas tormentas anteriores, que fizeram subir os níveis do Guaíba e rio Jacuí, alagaram ruas e retiraram pessoas de casa. Mesmo assim, a atenção foi redobrada.

Na Ilha Grande dos Marinheiros, as britas recentemente na avenida Nossa Senhora Aparecida já estão em parte soltas, e buracos se formaram no solo, fazendo com que o trânsito de veículos e pedestres seja um desafio. Em meio à chuva forte, o reciclador Geminiano Alves, que mora na área, movimentava o barro, enquanto removia garrafas de vidro do solo para jogá-los em um contêiner próximo, também repleto de lixo. Com 72 anos, ele não se intimidava com a precipitação caindo sobre si, enquanto a água batia na margem de sua casa, que fica junto à foz do Jacuí.

“Esse lodo já me fez ter frieiras nos pés”, contou ele, retirando os calçados sujos junto à esposa, Franciele da Silva, que estava dentro da residência. A água subiu a mais de um metro de altura na área, fato atestado pelas marcas nas paredes internas. Para entrar na casa hoje pela manhã, somente era possível pisando no lodo macio, algo que Alves, membro de uma cooperativa local de catadores, já havia retirado em parte. “Esse lixo vem de todos os lugares para cá. Rende um pouco de dinheiro, só que a idade vem pegando. Não sei se vou ter muito mais forças para continuar”, disse ele.

De acordo com a Prefeitura, foram retomadas nesta terça as entregas dos cartões do Programa Municipal de Recuperação Emergencial e Auxílio Humanitário. Até sexta-feira, a expectativa é que sejam distribuídas 400 unidades de auxílios para compra de eletrodomésticos e móveis ou para restabelecimento de negócios, ainda da enchente de setembro, em que o Guaíba subiu a níveis inferiores ao de dez dias atrás. O foco, conforme o Executivo, é justamente na região das ilhas. Os moradores serão contatados por telefone para serem informados sobre os detalhes das entregas dos cartões.


Correio do Povo
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