Novo Hamburgo: tropa de choque da PRF entra em confronto com manifestantes na BR 116

Novo Hamburgo: tropa de choque da PRF entra em confronto com manifestantes na BR 116

Bombas de gás lacrimogêneo foram arremessadas para conter grupo que está no local

Correio do Povo

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A tropa de choque da Polícia Rodoviária Federal (PRF) utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar um tumulto de manifestantes favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro, que estavam acampados no quilômetro 239 da BR-116, na altura do bairro Primavera, em Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre, na manhã desta terça-feira. A ação seguiu na esteira de mais bloqueios registrados em rodovias estaduais e federais ao longo do dia. No RS, até as 12h30min, havia 34 pontos em ERSs com algum tipo de restrições no trânsito, e até as 10h30min, mais 19 bloqueios em BRs gaúchas.

Tropa de choque da PRF entra em confronto com os manifestantes / Foto: Silvio Avila / AFP / CP 

O tumulto em Novo Hamburgo iniciou por volta das 9h20min. A tropa de choque estava no local com cerca de dez homens, bem como demais agentes e o apoio de um helicóptero da corporação. De acordo com relatos de testemunhas, o confronto começou após não haver negociação com os policiais para a liberação do sentido interior-Capital da rodovia. No local, uma pista estava bloqueada com entulhos que haviam sido dispostos por cerca de 50 manifestantes.

Um manifestante conversou com a reportagem e disse que os manifestantes irão resistir, apesar da intervenção da PRF. "O que aconteceu aqui foi uma pena. Estávamos aqui exercendo o nosso direito constitucional, mas fomos alvos de bombas", relatou o homem que não quis se identificar. 

A situação foi parcialmente controlada e, mais tarde, às 10h, mais sons de disparos foram ouvidos contra pessoas que estavam na lateral da BR-116. A rodovia terminou de ser liberada neste trecho às 10h45, e um pouco antes, ao menos dois gazebos montadas por eles foram desmontados. Alguns dos manifestantes permaneceram concentrados em ruas laterais, nos dois sentidos, enquanto outros se dirigiram a um posto de combustíveis cerca de 300 metros adiante, também às margens da BR-116.

 

Em Nova Santa Rita, também na região Metropolitana, a manifestação se concentrou no quilômetro 435 da BR-386, na altura do Posto Buffon. Na noite de segunda-feira, os participantes do ato, vestidos com bandeiras do Brasil, faixas e cartazes, chegaram a bloquear a via, mas se retiraram após a PRF chegar ao local com uma ordem judicial em mãos. Na manhã de hoje, eles estavam acampados nas laterais da via, trazendo inclusive café e alimentos. Parte do material havia sido doado por outros apoiadores, disseram os manifestantes. Alguns motoristas buzinaram em apoio. 

A situação teve ares de tensão em Canoas, onde um grupo buscou impedir que transportadores deixassem a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) carregados de combustíveis. O protesto iniciou por volta das 20h de segunda-feira e encerrou às 9h de terça, quando a Brigada Militar (BM) e a PRF estiveram no local e negociaram com os manifestantes. O funcionário de uma transportadora disse sob anonimato que havia por volta de dez caminhões da empresa no pátio da Refap, aguardando sair. De acordo com ele, os motoristas preferiram não abastecer na refinaria, tampouco deixar o local, pelo temor de enfrentar bloqueios nas rodovias. 

Além do apoio a Bolsonaro e rejeição dos resultados do segundo turno das eleições, os manifestantes disseram que havia outras pautas, a exemplo do voto impresso para as próximas eleições. “Queremos uma qualidade melhor na política e um respeito maior ao eleitorado. Que os políticos façam leis justas. O governador [reeleito] Eduardo Leite disse, se não me engano, que vai aumentar a alíquota do ICMS dos combustíveis. Eu acho que está errado”, disse o caminhoneiro autônomo Alexandre Bastos, morador de Esteio. Moradores que não participavam diretamente também foram até o local e entregaram mantimentos aos manifestantes.

Foto: Alina Souza 

Bombas de gás foram arremessadas durante confronto / Foto: Silvio Avila / AFP / CP 


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