Obras de reconstrução da Casa do Imigrante devem sair do papel em 2024

Obras de reconstrução da Casa do Imigrante devem sair do papel em 2024

Licitação para contratação de empresa que vai executar serviço só poderá ser lançada após assinatura de convênio entre Estado e Prefeitura de São Leopoldo

Fernanda Bassôa

A construção original data de 1788, quando o local funcionava como sede da Real Feitoria do Linho Cânhamo, onde era feita a matéria-prima para velas e cordéis de navios

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A Casa do Imigrante, no bairro Feitoria, em São Leopoldo, edificação tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (IPHAE), um dos cinco objetos selecionados pelo projeto Iconicidades, em 2022, Programa do Governo do Estado, está muito perto de sair do papel e ter as obras finalmente executadas. A Casa que carrega o legado da história e da cultura germânica no coração de São Leopoldo, está parcialmente destruída desde março de 2019, quando parte de sua estrutura ruiu da noite para o dia. Na data, o ponto turístico já estava fechado para visitações por conta de goteiras e problemas no telhado. Hoje, a situação é de abandono, motivo de lamentação entre a população local e de representantes dos setores culturais da região. A construção original data de 1788, quando o local funcionava como sede da Real Feitoria do Linho Cânhamo, onde era feita a matéria-prima para velas e cordéis de navios.

A Prefeitura de São Leopoldo garante que o processo segue em tramitações finais e que obra contempla o restauro do prédio histórico e a construção de um complexo cultural. “Será um ponto de grande relevância pedagógica, cultural e para toda comunidade incluindo, por óbvio, o turismo na cidade. A Casa da Feitoria ou Casa do Imigrante compõe como anexo do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo o maior acervo da Imigração Alemã do Brasil, constituindo-se como edificação e representação, o símbolo máximo dessa imigração”, aponta a nota do Executivo leopoldense.

De acordo com o vice-presidente e diretor do Museu Visconde de São Leopoldo, Cássio Tagliari, que ainda não teve acesso ao projeto, o local representa o marco zero da imigração alemão no Brasil. “A Casa tem um significado importante não apenas em São Leopoldo, é um espaço que marca um grande legado na sociedade gaúcha e que mostra a influência da imigração alemã e também italiana, conta a história de 200 anos de um povo que se estabeleceu aqui.” Segundo Tagliari, é um local expositivo e de grande potencial.

Neste momento, segundo informou a Secretaria Estadual de Planejamento Governança e Gestão, alguns processos estão correndo em paralelo. De um lado, os projetos desenvolvidos pela empresa SOLSS Arquitetura encontram-se em fase de aprovações legais, porém ainda restam fases que estão sendo acompanhadas pelo Estado e pelo Município. Outro processo diz respeito ao convênio entre o Estado e o Município. Após alinhamento técnico entre as partes na construção do plano de trabalho desse convênio, o Estado fez a análise jurídica do documento e apontou em 6 de dezembro de 2023 alguns ajustes a serem executados pela prefeitura.

O plano foi reapresentado pelo Município no dia 15 de dezembro do ano passado atualmente e está em análise junto à Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage). Segundo esclarece o Estado, diferentes atores encontram-se em atuação para que todos os procedimentos sejam concluídos e os projetos sejam repassados ao município. “Acreditamos que, se não houver nenhuma intercorrência inesperada, até o primeiro bimestre de 2024 possamos assinar o convênio. A partir disso, o Município deverá realizar os procedimentos para execução da obra.”

Segundo ainda o setor de Cultura leopoldense, a restauração do imóvel permitirá que o mesmo cumpra com o seu propósito e finalidade de resgate da memória e da educação patrimonial, seja pela simbologia histórica factual e estética de sua fachada, seja por meio da exposição de acervo composto por objetos, peças, quadros, mobília, quadros e fotografias. Além da finalidade turística, a educação patrimonial será outro ponto fundamental proporcionado pela revitalização do espaço, sobretudo por meio de visitas guiadas, oficinas, rodas de memória e palestras, atingindo visitantes, mas principalmente professores e alunos em todos os níveis de formação.

PROJETO ICONICIDADES

O projeto Iconicidades tem o objetivo de tornar as cidades gaúchas mais empreendedoras, inovadoras e criativas e estimular a retomada e revitalização de espaços arquitetônicos simbólicos nas cidades para estabelecimento de novos negócios. A ideia é identificar e revitalizar arquiteturas simbólicas em todo o Rio Grande do Sul, dando a elas um novo sentido, além de estimular a inovação e a economia baseadas no capital intelectual, contribuindo para criar ecossistemas criativos e que estimulem novos empreendimentos.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895