Os dramas que emergem das cheias e temporal em Uruguaiana

Os dramas que emergem das cheias e temporal em Uruguaiana

Populares estão cansados de esperar a retirada de pilhas de lixo e entulhos

Fred Marcovici

Uma das várias pilhas de lixo acumuladas em ruas dos bairros de Uruguaiana

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Para uma série de famílias, do bairro Cabo Luiz Quevedo, Zona Sul de Uruguaiana, as enchentes do final de ano e o temporal de 16 de janeiro ainda não terminaram.

Há pilhas de lixo e dejetos dos fenômenos climáticos, acumulados em frente às moradias, aguardando que as equipes da Secretaria de Obras retire tudo o que foi perdido.

São móveis de todo tipo, utensílios, galhos de árvores e muito mais. Incomodo e insatisfação que já dura de dois a quatro meses, sem solução, diz Rosângela Duarte, 34 anos, três filhos, que mora no local nos últimos sete anos.

“Depois de ficar 40 dias fora de casa, em barraca montada, ainda ter que conviver com a herança do mau tempo é muito para uma família que tenta recomeçar uma vida normal”, desabafa.

O jovem Cristofer Duarte, 16 anos, aponta para um sofá-cama estragado e amarelado pelo sol, pontuando que era nele em que dormia.

Também na Cabo Luiz Quevedo, Juçara Villela, 52 anos, três filhos, disse ter perdido as contas de quantas vezes apelou para que as equipes retirassem os montes de “esqueletos” das cheias e chuvas, sem resultado algum.

“Tenho a impressão que eles não se prepararam para nada”, acentua.

O grupo chegou a protestar, fechando ruas do bairro, uma semana antes do Natal, movimento que também não alcançou o objetivo esperado.

As autoridades, de acordo com Juçara, chegaram a garantir que retirariam o lixo das ruas em 48 horas, o que também não aconteceu até agora.

Juçara perdeu guarda-roupas, colchão, armários, pia e outros bens, além da paciência, acrescenta.

A Travessa Santa Teresa, é mais um lugar em que populares cansados de esperar atearam fogo na pilha de lixo.

“Perigoso, segundo Paulo Duarte, 63 anos, 12 filhos, mas a única saída para nos livrarmos das dificuldades”, comenta.

Na rua Padre Anchieta, 1535, Eva de Castro, 53 anos, convive há dois meses com tudo o que foi avariado. Conformada, destaca que só resta contar com a boa vontade de quem pode resolver o problema.

Na mesma via, Luiz Felipe da Silva, 29 anos, reciclador, sente-se prejudicado e desconfortado pelo descaso e demora para a retirada dos estragos residuais do temporal e cheia, em frente à casa.

“Com essa onda de dengue e outras doenças, os entulhos são preocupantes”, alerta.

Dejetos na rua Padre Anchienta no bairro Cabo Luiz Quevedo de Uruguaiana | Foto: Rose Nunes / Especial / CP

O secretário de Infraestrutura Municipal Urbana e Rural (SEMIUR), Frederico Pelegrini, admite que realmente existem ainda vários pontos onde há lixo.

A prefeitura vem trabalhando em todas as áreas do município, porém precisa respeitar o espaço de armazenamento de dejetos existente na cidade.

Nesta semana, com mais máquinas, disse que dará sequência ao trabalho, reforçando as ações, inclusive nos locais listados.


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